Doação de leite humano pode salvar vidas
Governo incentiva coleta do leite materno. Material doado beneficia bebês com baixo peso e problemas de saúde
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a rede bancos de leite humano brasileira a mais complexa, a de menor custo e aquela com maior rigor no controle da coleta. O país dispõe de 187 unidades em todos os estados e no Distrito Federal. Mesmo assim, ainda é necessário aumentar a coleta no país em torno de 40% a 50%, para atender todas as crianças que necessitam do leite. Para ampliar as doações, o Ministério da Saúde promove uma campanha para incentivar as mães a doarem leite.
Segundo o coordenador da Rede Nacional de Bancos de Leite Humano, João Aprígio, no período que vai de dezembro a março, devido às férias, tende a haver, na média nacional, uma queda de aproximadamente 60% na coleta. João Aprígio explica que a redução ocorre tanto pelas viagens quanto pela mudança na rotina das mães. “Nesta época, durante as férias escolares, se a mãe tem outros filhos crescem os afazeres em casa, o que pode contribuir para diminuir as doações”, observa.
O leite humano doado atende às necessidades de bebês prematuros, com baixo peso ou que, por algum motivo, estejam internados em uma unidade de terapia intensiva (UTI). “Além de alimento, o leite materno reúne várias substâncias essenciais, como imunobiológicos, que facilitam a recuperação do bebê”, diz João Aprígio.
Qualquer mãe em condições de amamentar o filho pode doar leite. Deve-se enfatizar que a doação não traz prejuízo para a mãe ou para o bebê, porque não reduz a produção. Pelo contrário. Quando a mulher amamenta seu bebê ou retira o leite para a doação, este processo estimula a produção da glândula mamária. O processo de doação de leite humano funciona de maneira bastante simples. A lactante entra em contato com o banco em sua cidade. Ela recebe um frasco esterilizado no qual depositará o leite. Após isso, deverá pôr o frasco no congelador ou no freezer e aguardar que uma equipe vá à sua casa recolher a doação. As mães podem se informar sobre a coleta no portal da Rede Nacional de Bancos de Leite Humano (www.redeblh.fiocruz.br).
Em algumas cidades, os bancos de leite humano realizam parcerias com outros órgãos para receber o leite doado. No Distrito Federal e no Rio de Janeiro, o Corpo de Bombeiros vai até as casas das mães para recolher o leite e entregá-lo aos bancos. No Espírito Santo, esta tarefa fica por conta da Polícia Militar (PM) e em Teresina (PI), o recolhimento acontece por meio de uma colaboração com os carteiros. “A ajuda de todos estes grupos é fundamental para aumentar o volume de leite coletado”, elogia Aprígio. No Brasil, são coletados de 125 mil a 140 mil litros de leite humano anualmente.
O coordenador da Rede Nacional de Bancos de Leite Humano diz que o Ministério da Saúde trabalha para aumentar a coleta. Em 2006, foram inaugurados dez novos bancos. São Paulo é o estado com a maior rede – 54 unidades, entre bancos e postos de coleta. O Ministério da Saúde também garante o rigor no controle do material recebido. Após receber o leite, os bancos realizam um exame para verificar se não houve contaminação por algum microorganismo, como vírus ou bactéria.
Campanha estimula doação
Desde dezembro, o Ministério da Saúde intensifica uma campanha para incentivar as doações. “Doe Leite Materno. O seu leite pode ajudar a salvar a vida de um recém-nascido” é o slogan da mobilização, desenvolvida por meio da Rede Nacional de Bancos de Leite Humano.
A madrinha da campanha é a atriz Heloísa Périssé, que emprestou a sua imagem e a de seu bebê para ilustrar os 80 mil folhetos e os 20 mil cartazes distribuídos a todos os estados brasileiros, especificamente aos 27 centros estaduais de Referência em Bancos de Leite Humano, aos 187 bancos e aos 29 postos de coleta em funcionamento no país.
A campanha estimula as lactentes saudáveis a doar o excesso de leite do peito e orienta sobre os cuidados a serem tomados na hora de armazenar o leite, a técnica para a retirada e as formas de conservação e suas validades.