Em breve, iniciará a estação mais fria do ano e com a queda da temperatura e o tempo mais seco é comum o aparecimento de doenças respiratórias. De acordo com o otorrinolaringologista Thiago Brunelli Resende da Silva, do Hospital Santa Casa de Mauá, outras doenças também são comuns nesse período como a epistaxe – sangramento nasal e a disfonia – voz rouca.
A primeira é muito comum, pois o revestimento do nariz é formado por vasos sanguíneos minúsculos que podem ser danificados, causando hemorragia nasal. Atinge pessoas de qualquer idade, na maioria crianças de 2 a 8 anos. “Mais da metade da população adulta já passou por pelo menos um episódio de hemorragia nasal no decorrer da vida”, destaca o médico.
O sangramento pode ser de dois tipos: hemorragia nasal anterior, a mais comum, em 90% dos casos é originado na parte anterior do nariz e hemorragia nasal posterior, menos comum e mais severa, envolvendo vasos sanguíneos maiores localizados na região posterior do nariz.
Sua causa está relacionada ao ressecamento do nariz em razão do tempo seco e traumas como: assoar ou cutucar o nariz; infecções de vias aéreas superiores, inalação de ar frio e seco; alergias; inalação de irritantes químicos; sinusite; desvio septal e uso frequente de sprays nasais ou drogas aspiráveis.
Durante um sangramento, não é recomendado inclinar a cabeça para trás, pois o sangue pode escorrer para a garganta. O ideal é sentar e inclinar o corpo para a frente, respirar pela boca, fazer compressão digital e compressa de gelo. A maioria dos sangramentos some após a realização desses procedimentos.
Em alguns casos pode ser necessário uma cauterização ou o tamponamento nasal. Na ocorrência de tumores podem ser necessários outros procedimentos, como a eletrocoagulação guiada por endoscópio nasal, embolização ou ligadura arterial.
“Caso a epistaxe ocorra com frequência ou não cesse, vale buscar ajuda médica especializada. Nesses casos, a hemorragia é um alerta de que há alguma alteração nas fossas nasais ou em outra parte do organismo e suas causas devem ser investigadas”, explica o especialista. Para evitar o sangramento, o ideal é deixar os ambientes e mucosa nasal umidificados e evitar pequenos traumas.
Outra patologia frequente no inverno são as alterações na voz, a disfonia. As patologias infecciosas ou inflamatórias estão entres as principais causas. Pode ser classificada em dois tipos, orgânico: por alterações estruturais como lesões, inflamações das cordas vocais e malformações da laringe e por alterações neurológicas como paralisia das cordas vocais, doença de Parkinson e refluxo gastroesofágico. Já o funcional ocorre quando não existe causa estrutural ou neurológica, mas pelo uso inadequado da voz e alterações psicogênicas.
Entre os sintomas estão o esforço para emitir a voz; cansaço ao falar; dificuldade em manter a voz; rouquidão; variações na frequência da voz; falta de volume e perda da eficiência vocal.
O diagnóstico é feito durante uma consulta médica, seguida por um exame físico e, em alguns casos, pode ser solicitada a realização de exames endoscópicos da garganta e das pregas vocais.
O tratamento dependerá das causas da disfonia. Se for funcional deverá ser tratada com terapia a fim de que o paciente aprenda a utilizar a voz de forma adequada com menor esforço à laringe. Em caso de infecções ou inflamações, o tratamento será medicamentoso aliado ao repouso vocal. Já as lesões mais complexas, como nódulos, pólipos ou tumores, poderão requerer cirurgia.
Muitos cuidados ajudam na prevenção da disfonia como, falar de forma suave; usar pouco a voz quando ela não está boa; não falar baixinho porque o esforço é o mesmo; não cantar forte e alto, ainda mais se estiver resfriado e quando sentir alguma secreção na garganta retirá-la sem fazer força, além de beber água em temperatura ambiente; evitar alimentos condimentados, bebidas alcoólicas e fumo; evitar o ar condicionado e quando precisar utilizar muito a voz, evitar o consumo de leite, chocolate e derivados.
“Para as pessoas que usam a voz como instrumento de trabalho, uma boa dica nesta época do ano é fazer uso de nebulização com soro fisiológico para reduzir o atrito das pregas vocais”, orienta o médico.