Médico ortopedista Cleber Furlan alerta que pacientes em fase de crescimento não deveriam se queixar de dores tão cedo; Diagnósticos atenciosos podem ser necessários para evitar problemas maiores
A dor nas costas em crianças e adolescentes é rara e deve ser tratada com atenção, já que são um grupo de pacientes ainda em fase de crescimento. Segundo o médico ortopedista e membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), Cleber Furlan, “quando se trata desse binômio dor-escoliose, associa-se uma à outra, mas a escoliose não deve nunca ser considerada um fator de causa para pacientes em fase de crescimento, como é o caso de jovens e adolescentes”.
O médico alerta que, nesse grupo etário, a queixa deve ser considerada significativa quando chega ao consultório. Para isso, são fundamentais os exames físicos e neurológicos, aliados a exames subsidiários (como ressonância, por exemplo), para um diagnóstico correto de possíveis traumas, fraturas ou contusões. “Pode haver sintomas e sinais mínimos em que a ocorrência de uma doença grave é escondida por meio dessas dores”, explica o especialista.
No caso de dores ou problemas sistêmicos, por exemplo, o paciente sofre alteração na circulação, apresenta sintomas de febre, tremor e perda de peso – principalmente em esqueletos em crescimento. Quanto aos problemas neurológicos, é possível observar alterações de sensibilidade, de fraqueza, sensitivas e até de perda de controle do esfíncter, ou seja, o paciente perde o controle urinário e fecal.
O exame físico corresponde a uma análise ortopédica e neurológica para verificar se tem escoliose, que é uma deformidade na coluna. Dentro disso, também se considera a cifose, principalmente a torácica, uma deformidade nas costas comumente associada ao formato de um “C”; além da lordose, curvatura mais acentuada na região lombar e cervical; e possíveis contraturas, musculatura dolorida ou travada, e pontos dolorosos na pele.
O exame neurológico, por sua vez, analisa movimentos de coordenação, a função motora de força e de sensibilidade, além de outros testes específicos. No caso de um paciente em crescimento, com idade abaixo de quatros anos, e que apresenta uma dor contínua ou progressiva nas costas, com sintomas de febre, mal-estar, perda de peso, perda urinária e de sinais neurológicos, e escoliose, o quadro já é preocupante – para estes casos, existem alguns diagnósticos mais determinantes.
A lesão mecânica, por exemplo, é mais observada em crianças que ficam sentadas de dez a doze horas, ou mais, o que causa uma distensão muscular que pode ser uma fratura oculta ou uma síndrome de excesso de uso – quando a criança participa constantemente de diversos tipos de exercícios de impacto. Para o diagnóstico, Furlan recomenda exames de ressonância ou uma cintilografia para checar possíveis fraturas, um escorregamento das vértebras ou até uma alteração no próprio desenvolvimento do paciente.
“É preciso ficarmos atentos às pessoas que não têm dor, mas começam a adquiri-la com o crescimento do esqueleto. Uma escoliose, uma cifose, uma lordose, a doença de Scheuermann (cifose torácica associada a várias alterações musculares e posturais), uma discite, como é conhecida a inflamação do disco vertebral, uma osteomielite – infecção óssea, ou até mesmo uma simples infecção de garganta ou respiratória alta, que desencadeia uma doença inflamatória crônica e ou reumatológica. Doenças endócrinas, doenças genéticas, infecções, inflamações, doenças reumáticas e até tumores, portanto, fazem parte de uma avaliação e estudo de causas, necessitando serem analisadas”, alerta Cleber Furlan
Fonte: Cleber Furlan – Médico ortopedista há mais de 20 anos, o Dr. Cleber Furlan é também Mestre em Ciências da Saúde pela FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) e Doutorando em Cirurgia pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). Furlan é especialista em Cirurgia do Quadril, bem como membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Quadril.