Especialista explica como as habilidades socioemocionais desenvolvidas em sala de aula impactam a vida social e familiar dos pequenos e também o futuro profissional
Letras, palavras, números, idiomas, ciências, história ou geografia. Desde sempre as crianças vão à escola para aprender sobre as diferentes áreas do conhecimento. No entanto, a evolução da educação tem mostrado que, tão importante quanto assimilar o conteúdo das matérias escolares, é oferecer aos alunos uma proposta pedagógica que promova a educação socioemocional.
Mas, o que é isso? “A educação socioemocional é aquela que proporciona o desenvolvimento das habilidades sociais e emocionais para ajudar a criança a se conhecer e se relacionar, de maneira positiva e saudável, com outras pessoas. O objetivo é a criança ter capacidade de lidar com o estresse, controlar suas emoções, resolver problemas, manter relacionamentos saudáveis e trabalhar em equipe”, explica o psicopedagogo e especialista em desenvolvimento infantil, Junior Cadima.
A educação socioemocional é contemplada pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e esclarece que o objetivo dessa proposta educacional é contribuir para o desenvolvimento integral de crianças e jovens, incorporando competências e habilidades que vão além do aspecto cognitivo da aprendizagem.
“O impacto da educação socioemocional para a vida do aluno vai muito além do contexto de sala de aula. Isso porque a vivência de experiências da educação socioemocional permite que as crianças aprendam a lidar melhor com situações difíceis, sejam elas em relação à vida social, escolar, familiar ou, futuramente, na vida profissional. Além disso, com as habilidades trabalhadas, a criança conquista autoconsciência, o que a leva a perceber e saber controlar suas emoções, pensar de forma crítica, resolver problemas e tomar decisões”, afirma o especialista.
Ansiedade, raiva e tristeza: emoções desafiadoras para crianças e adultos
É normal e esperado a criança viver situações de frustração, ou melhor, mais que isso: é importante ela experienciar esses momentos para, assim, aprender a expressar e a lidar com seus sentimentos. Diante disso, pais e professores podem cumprir com o seu papel de respeitar, valorizar e acolher os sentimentos da criança de maneira sensível e compreensiva.
“Nos momentos de birra, por exemplo, em que a criança grita e bate por estar com raiva, cabe ao adulto oferecer direção e limites em relação a esses comportamentos inadequados e, por meio da conversa e do modelo, mostrar à criança maneiras dela lidar com sentimentos negativos e situações conflituosas”, orienta o professor.
Sendo assim, Junior Cadima sugere quatro estratégias práticas que ajudam as crianças e podem ser usadas por pais e professores:
1 – Meditação e relaxamento por meio da respiração.
2 – Técnicas de autorregulação: jogos e brincadeiras em que a criança precisa esperar a sua vez para brincar.
3 – Ouvir e respeitar: escutar atentamente o que a criança tem a dizer e ajudá-la a expressar suas emoções de forma saudável.
4 – Tomar decisões: isso pode ser feito por meio de brincadeiras por meio da mediação do adulto.
A educação socioemocional no ambiente escolar
Para trabalhar a educação socioemocional em sala de aula, é essencial que os professores e a equipe pedagógica estabeleçam um ambiente de confiança e de respeito, pois as crianças devem se sentir confortáveis para compartilhar o que sentem e expressar suas emoções de forma positiva.
De acordo com Junior Cadima, “é preciso que os professores estabeleçam limites claros e específicos sobre o comportamento esperado em sala de aula e incentivem diálogos positivos entre as crianças”.
Para ele, também é importante promover a autoconsciência dos alunos, o que envolve ajudá-los a identificar suas ações e atitudes. Para trabalhar isso em sala de aula, os professores podem propor algumas atividades prátcias, como rodas de conversa, brincadeiras e jogos que estimulem a resolução de problemas, leitura de livros, meditação e atividades com música. É importante reforçar que os objetivos da educação socioemocional serão atingidos de forma mais efetiva quando não apenas a escola coloca em prática os seus conceitos, mas também a família: “é por meio do modelo do próprio adulto, ou seja, como ele lida com os problemas e situações conflituosas dentro de casa que a criança aprenderá a lidar com as próprias emoções e a lidar com os próprios problemas. O exemplo segue sendo o que mais ensina”, finaliza o especialista.
Fonte: Junior Cadima Psicopedagogo e especialista em desenvolvimento infantil. Acredita e defende que o brincar é uma das ferramentas mais importantes para a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças. Junior promove a formação de professores, de profissionais da área da saúde, de pais e de pessoas interessadas em aprender e compreender sobre o brincar na infância, compartilhando conteúdos baseados em evidências científicas e atividades práticas. Sua formação envolve cursos de especialização nas áreas da neuropsicologia aplicada à neurologia infantil, neurociência aplicada à educação e psicomotricidade. Como pesquisador da área da infância e da formação continuada de professores, seu trabalho de pesquisa envolve estudar as práticas docentes com movimentos corporais realizadas na Educação Infantil. @jrcadima