Cólicas fortes e dor durante a relação sexual podem ser sintomas de endometriose
A endometriose ainda é uma doença misteriosa, mas acaba de chegar ao horário nobre da televisão. É que a personagem Carol da novela Insensato Coração da Rede Globo, vivida pela atriz Camila Pitanga, tem este problema e fica apreensiva quando pensa em ser mãe, algo que deseja muito. Isso porque a doença é uma das principais causas de infertilidade feminina.
E você, sabe o que é endometriose? O útero é coberto internamente por um tecido chamado endométrio que cresce a cada mês sendo eliminado durante a menstruação. A formação de cistos e nódulos desta camada, fora do local correto, recebe o nome de endometriose. Esses focos aparecem com maior freqüência nos ovários, no peritônio (tecido que reveste a cavidade do abdome e da pelve), nos ligamentos que sustentam o útero e em outras áreas do abdome.
A síndrome pode ser classificada como leve, mínima, moderada e severa, conforme a extensão e o tamanho das lesões. Esta doença pode afetar mulheres na idade fértil. A dor nem sempre esta relacionada à intensidade do problema, porém, é um dos principais sintomas. Dores fortes na época da menstruação, no útero, na bexiga e/ou no intestino são sinais que devem ser investigados, além das dores durante o ato sexual.
Muitas mulheres têm endometriose e não sentem nada. Apenas descobrem quando começam a investigar as causas da esterilidade. Estima-se que de 10% a 15% das pacientes sofram deste mal, um dado que pode ser ainda maior já que a melhor forma de identificá-lo é por meio da videolaparoscopia – introdução de mini-câmera por um corte próximo ao umbigo, que permite achar os implantes e retirar amostras para análise.
Talvez a vítima mais famosa da doença tenha sido a atriz norte-americana Marilyn Monroe. Ela sentia dores terríveis que, várias vezes, provocaram seus famosos atrasos ou mesmo faltas às filmagens. Dizem que em alguns contratos até havia uma cláusula que a desobrigava a trabalhar durante o período menstrual.
Infertilidade x Endometriose
A associação da endometriose com a fertilidade tem sido alvo de discussão há muitos anos. Os debates em torno das proporções que esta doença afeta a capacidade da mulher em ter filhos têm causado, por muitas vezes, um “vai e vem” nas condutas e tratamentos médicos. A endometriose causa infertilidade pelos seguintes efeitos: influencia o hormônio no processo de ovulação, e na a implantação do embrião; prejudica a liberação do óvulo dos ovários em direção às trompas; interfere no transporte do óvulo pela trompa, tanto pela alteração inflamatória causada pela doença, como por aderências (as trompas “grudam” em outros órgãos e não conseguem se movimentar); alterações no desenvolvimento da gestação; pode interferir no desenvolvimento embrionário e aumentar a taxa de abortamento, entre outros.
Diagnóstico Precoce
A hereditariedade da endometriose já é conhecida há um tempo e sua incidência pode estar em até 6% nos parentes de primeiro grau. Por isso, já se deve suspeitar quando surgirem sintomas (cólica, irregularidade menstrual, etc.), ainda que discretos. Nessa oportunidade, os exames necessários devem ser feitos para elucidação diagnóstica. Quanto mais precoce a intervenção curativa, maior a chance de evitar possíveis complicações. O pouco conhecimento que a mulher tem sobre a endometriose faz com que acredite ser normal ter cólica menstrual intensa e não procure um médico. Porém, mesmo quando o faz, o diagnóstico demora a ser estabelecido. Em geral, o tempo entre os sintomas iniciais até o diagnóstico pode alcançar 10 anos ou mais.
Relação com o meio ambiente, alimentação e hábitos
A endometriose é uma doença da mulher moderna, pois esta relacionada à ansiedade, estresse e depressão, proveniente de uma exaustiva jornada de trabalho dentro e fora de casa.
Além disso, pessoas que moram em cidades com alto grau de poluição atmosférica podem ter mais problemas. A dioxina, por exemplo, é uma substância tóxica proveniente da combustão de produtos orgânicos, esta presente no ar que respiramos e em alguns alimentos que ingerimos. Trabalhos científicos demonstram sua possível interferência no desenvolvimento da endometriose.
Esses fatores em conjunto podem acelerar a evolução da doença e, por isto, uma dieta balanceada e um estilo de vida adequado ajudam a prevenir seu surgimento ou agravamento. Um hábito intestinal normal e regular é imprescindível. A paciente que não evacua regularmente tem retenção de material fecal e aumento de toxinas e muitas delas deprimem o sistema imunológico. Alimentos ricos em cereais e fibras ajudam a melhorar o ritmo intestinal. A base da alimentação deve ser a dieta macrobiótica, sem laticínios, trigo e produtos animais. Carnes podem conter hormônios femininos, como o estradiol, que pode estimular ainda mais o desenvolvimento da doença. A dieta deve ser balanceada dando-se preferência por vegetais sem agrotóxicos.
Já os exercícios físicos são ideais, pois o excesso de peso deve ser evitado, já que a obesidade, além de piorar as dores pélvicas, faz com que o acúmulo de gordura aumente a produção de hormônios femininos (estrogênio), que agravam a doença.
Tratamentos
O tratamento indicado para os casos moderados e severos é a cirurgia. Nas formas brandas pode-se ministrar analgésicos, antiinflamatórios e anticoncepcionais. Perto de 40% das portadoras desta síndrome ficam inférteis, principalmente por obstrução das trompas e comprometimento dos ovários. Por isso a importância da terapêutica, o que não significa que nunca poderão engravidar, pois uma grande parte realiza este sonho após a intervenção.
Um estudo elaborado pela professora Mache Seibel, da Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, mostra que algumas raízes orientais, se forem combinadas apropriadamente, podem combater a endometriose, destruindo as células que causam a doença. Penso que esses estudos só trazem benefícios para as mulheres, pois podem auxiliar ainda mais na descoberta de novos remédios.