Um em cada mil bebês podem nascer com a deformidade; ABTPé explica
Sentir a areia da praia na sola dos pés e a água do mar molhando os calcanhares. Essa pode ser uma sensação rotineira para muitas pessoas, mas não para quem nasceu com Pé Torto Congênito (PTC). Essa malformação ocorre no início da gestação, levando a alterações nos ligamentos, músculos, tendões e ossos da perna e do pé.
Estatísticas dão conta que um a cada mil bebês nascem com PTC, sendo que o os meninos são duas vezes mais afetados. Em 50% dos casos, os dois pés são acometidos. Nestes casos, o bebê nasce com os pés virados para dentro e para cima, apontando para a outra perna, a panturrilha é mais fina e o pé não se desenvolve bem e fica menor.
O diagnóstico pode ser feito antes do nascimento, por meio das ultrassonografias realizadas a partir da 12ª semana de gestação. “Nesses casos, logo após o diagnóstico, os pais podem consultar um ortopedista especialista em cirurgia do pé e tornozelo para entender o problema e as opções de tratamento. Nos casos em que os exames não apontaram o problema, o diagnóstico é clínico e será feito logo ao nascimento, os pés nascem virados para dentro com a curvatura bem acentuada, com formato que lembra um grão de feijão”, a ortopedista da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé (ABTPé), Jordana Bergamasco.
O tratamento tem dois objetivos e deve ser iniciado logo após o nascimento: o primeiro, é a correção das deformidades e o segundo a manutenção, para evitar que a deformidade volte a ocorrer. “O tratamento é feito com suaves manipulações e trocas gessadas (método de Ponseti), o que aos poucos leva o pé para sua posição habitual. Cerca de 90% dos casos também precisam de uma pequena intervenção cirúrgica, na qual realizamos a secção do tendão para que o pé atinja uma posição plantígrada. Porém, tudo depende da gravidade de cada pé, mas todos requerem acompanhamento. Um pé torto tratado nos primeiros dias de vida tende a apresentar bons resultados e a criança irá desenvolver uma marcha praticamente normal”, explica a médica.
A especialista destaca que esse tratamento é indicado para crianças, entretanto, atualmente o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece procedimentos para corrigir pés tortos congênitos em adultos que não receberam tratamento na infância. “Neste caso, com algumas adaptações ao método original podemos oferecer um tratamento que vem dando resultados positivos e as pessoas que não receberam tratamento no momento adequado estão podendo andar normalmente”, comemora. “Mas o ideal é que o tratamento seja feito nos primeiros meses de vida, com excelentes resultados, permitindo que a criança tenha uma vida ativa”, conclui.
Fonte: Ortopedista da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé (ABTPé), Jordana Bergamasco.