Médica salienta que há muitas indicações, como idade materna acima dos 38 anos, idade paterna acima dos 50, falhas de implantação recorrentes e histórico de abortos seguidos
Nos últimos 10 anos, os testes genéticos revolucionaram a Medicina Reprodutiva ao possibilitar a prevenção de doenças hereditárias. Quando o casal precisa se utilizar da reprodução assistida, a pesquisa genética se torna ainda mais relevante. É o que explica Dra. Andrea Barrueco, ginecologista, com atuação em Reprodução Humana, e associada da AMCR (Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil).
De acordo com a médica, há muitas indicações para a pesquisa genética nos casos de reprodução assistida. Entre eles, a idade materna acima dos 38 anos, idade paterna acima dos 50, falhas de implantação recorrentes e histórico de abortos seguidos. “Quando isso acontece, é fundamental realizar uma biópsia no embrião”, esclareceu a especialista. Dra. Andrea lembra que o DNA é como se fosse um prédio, e os pares de cromossomos são como apartamentos: se algum deles apresentar alterações, é preciso pesquisar a causa.
Ela prosseguiu lembrando que a análise genética do embrião é um exame realizado ainda na fase embrionária, durante o ciclo da Fertilização in Vitro (FIV), para identificar se existem alterações cromossômicas ou alteração genética hereditária antes da transferência para o útero materno. Embora esteja cada vez mais moderna e eficaz, esse procedimento existe há mais de 20 anos e muitos estudos comprovam sua eficácia e não comprometimento do desenvolvimento fetal.
“Trata-se de um teste seguro e que pode ser realizado no embrião de duas formas diferentes: aos três dias depois da fecundação, retirando uma única célula para estudo, e aos cinco dias, retirando de cinco a dez células da placenta”, detalha Dra. Andrea.
Segundo a médica, o teste é fundamental em casos em que há indicação porque, durante a formação do embrião, ocorre uma série de divisões celulares. Caso elas não sejam coordenadas, pode haver alteração dos cromossomos – o que pode afetar a capacidade de implantação e o desenvolvimento fetal. “Por causa disso, pode existir aumento na incidência de aborto ou ocorrer síndromes genéticas no bebê, como a Síndrome de Down, causada pela trissomia do cromossomo 21”, informou.
Além disso, Dra. Andrea reforça que, ao longo do desenvolvimento embrionário, o feto pode herdar doenças hereditárias caso os pais apresentem alterações genéticas passíveis de transmissão à descendência. “Entre tais patologias incluem-se anemia falciforme e fibrose cística, por exemplo. Para pessoas que têm essas doenças, a pesquisa genética é fundamental na hora de conceber um bebê”.
Para finalizar, a médica ressalta que o maior desafio são os mosaicos, que é o embrião quando é analisado. “Ele apresenta células normais que estão alteradas. É uma colcha de retalhos. Não necessariamente vai aparecer uma alteração, por isso existe a discussão de até que ponto esse mosaico não vai trazer um bebê normal. Essa é uma discussão médica importante”, concluiu ela, ressaltando que apesar das preocupações, as biópsias são seguras e não oferecem riscos ao nascimento nem à infância do bebê.
Fonte: A AMCR — Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil — é uma entidade sem fins lucrativos, suprapartidária. Fundada em março de 2021, pela médica ginecologista, Prof. Dra. Marise Samama, possui 42 associadas, pós-graduadas da área da saúde, distribuídas em todas as regiões do Brasil. A associação é fruto da vontade dessas mulheres (cientistas, médicas, biomédicas e profissionais de saúde), que defendem a igualdade de oportunidade entre gêneros, reconhecimento e valorização da mulher e da ciência e atuação das mulheres nas áreas de saúde feminina e Reprodução Humana.