Diminuir a porcentagem de ingestão de carboidratos e aumentar a de proteínas faz com que as chances de gravidez aumentem em mulheres em tratamento de fertilização
Desde que a humanidade existe, a preocupação com a alimentação é considerada fundamental tanto para a cura como para a prevenção de doenças. A dieta alimentar é sempre um assunto atual e frequentemente ocupa a capa das revistas semanais e mensais que anunciam uma nova dieta: que emagrece, a dieta do coração, ou da emoção e assim por diante. As dietas que melhoram a fertilidade não poderiam ser diferentes. Sempre surge algo novo que pode fazer a diferença. O próprio IPGO publicou recentemente o livro “Fertilidade e Alimentação” que procura dar orientações tanto para preservar como para manter a fertilidade. A dieta é importante em todos os aspectos e o equilíbrio e o peso ideal, são fundamentais para o bem estar.
Um estudo apresentado dia 06 de maio de 2013, durante o 61º Encontro Clínico Anual do Congresso Americano de Obstetras e Ginecologistas, mostrou que mulheres que reduziram a ingestão de carboidratos e aumentaram a ingestão de proteína, durante tratamento de fertilização in vitro, aumentaram significativamente a chance de concepção e nascimento de uma menina.
O pesquisador Jeffrey Russell, do Instituto de Medicina Reprodutiva Delaware em Newark foi quem apresentou os resultados. Segundo ele, dietas de carboidratos-carregados criam um ambiente oócito hostil mesmo antes da concepção ou implantação.
“Os ovos e embriões não estarão bem em um ambiente de alta glicose. Ao reduzir carboidratos e aumentar proteínas, você está banhando o seu óvulo de forma saudável, com suplementos nutritivos”, disse ele.
O médico disse que o estudo surgiu após perceber a má qualidade dos embriões de mulheres jovens e saudáveis que conheceu por meio de seu programa de fertilização in vitro. “Nós não poderíamos descobrir o porquê. Elas não estavam acima do peso nem eram diabéticas”, disse ele.
Foram 120 mulheres participantes do estudo, com 36 e 37 anos de idade e que completaram um registro alimentar de três dias. Para algumas, a dieta diária foi de 60% a 70% de hidratos de carbono. Elas comeram mingau de aveia no café da manhã, um pão no almoço e macarrão para o jantar, e nenhuma proteína.
As pacientes foram classificadas em dois grupos: aquelas cuja dieta média foi mais do que 25% de proteína e aquelas cuja dieta média era inferior a 25% de proteína. Não houve diferença no índice de massa corporal médio entre os dois grupos.
Houve diferenças significativas em resposta à fertilização in vitro entre os dois grupos. O desenvolvimento de blastocisto foi maior no grupo de alta proteína do que no grupo de baixa proteína (64% vs 33,8%), assim como as taxas de gravidez clínica (66,6% vs 31,9%) e taxas de nascidos vivos (58,3% vs 11,3%).
Quando a ingestão de proteína era superior a 25% da dieta e a de hidratos de carbono inferior a 40%, a taxa de gravidez clínica subia para 80%. Dr. Russell agora aconselha todas pacientes de fertilização in vitro para reduzir a ingestão de carboidratos e aumentar a ingestão de proteínas.
Ele porém frisa que não há restrição calórica e que este não é um programa de perda de peso, é um programa nutricional, enfatizando que não é sobre perder peso para engravidar, mas sobre alimentação saudável para engravidar.
Já outro estudo, apresentado durante encontro de 2012 na Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM), mostrou que pacientes de fertilização in vitro que mudaram para uma dieta de alta proteína e baixo carboidrato e depois passaram por outro ciclo, tiveram aumentadas suas taxas de formação de blastocisto de 19% para 45% e sua taxa de gravidez clínica de 17% para 83%.
Mesmo pacientes não-FIV com síndrome do ovário policístico têm melhorado as taxas de gravidez depois de fazer esta mudança de estilo de vida, observaram os pesquisadores.
Os médicos concordaram que estudos como esses demonstram quão pouco se sabe sobre o efeito de micronutrientes nas dietas sobre diversos aspectos da reprodução. Eles afirmam que os resultados mostram um campo aberto para pesquisas futuras e criam perguntas como se, por exemplo, é o carboidrato em geral ou os efeitos inflamatórios de glúten em carboidratos em grãos que são prejudiciais para os resultados de fertilização in vitro.
Enfim, para todos os casais que desejam engravidar e também para aqueles que não querem, boa dieta!