Me chamo Silvia e sou mãe da Helena de 2 aninhos.
Engravidei sem qualquer tipo de planejamento, de um rapaz quase 10 anos mais novo que eu.
Não tínhamos um envolvimento sério, quando soube da gravidez já contei pra ele e me antecipei dizendo que não precisava arcar com nada e principalmente pensar em casamento.
Na verdade eu não tinha intenção de me casar com ele, somente quis deixar claro que não era para ele pensar que minha gravidez seria um tormento na vida dele.
Enfim, com o passar dos meses fiz os exames de rotina e ao terceiro mês foi levantada a hipótese da Síndrome de Down devido a alterações na espessura nucal do feto.
Embora eu tenha feito todos os exames necessários, nos ultrassons o bebê nunca estava em uma posição favorável para que fossem feitas as devidas medições do osso nasal, orelhas, etc.
Então nunca foi dito com todas as letras que a Helena teria Síndrome de Down ou não.
De qualquer forma para mim, este assunto foi mantido em segredo. Os únicos que sabiam eram Eu e mais quatro pessoas muito próximas.
Os amigos e outros parentes souberam somente quando a bebê nasceu.
Acho que pra mim foi um período de aceitação e meditação sobre a vida, sobre a responsabilidade que eu teria e o início de um ciclo de amor entre eu e minha filha.
Minha gravidez foi muito solitária com relação ao acompanhamento do pai dela… nunca soube o que é contar com um homem para ajudar, para não carregar peso e para segurar as lágrimas quando os medos tomavam conta. Além de estar passando por problemas de saúde difíceis com a minha mãe (que estava no meio de um tratamento de câncer no reto).
Mas minha família sempre esteve ao meu lado!
A Helena nasceu com 7 meses, estava entrando em sofrimento pois meu líquido amniótico estava diminuindo.
Nas primeiras horas eu não tive muita vontade de vê-la… um pouco pela indisposição das dores dos pontos da cesárea, mas também porque para mim a Síndrome de Down que antes era apenas uma suposição, tornava-se verdade! E por não ter o conhecimento sobre esta deficiência eu imaginava uma criança sem vida, totalmente inerte.
Infelizmente fazemos julgamento antes de conhecer realmente a situação.
Depois de 24 horas fui ao berçário para conhecer minha filha, mas meu coração já estava transformado.
Por ter nascido com sete meses, ela não tinha os cílios, sobrancelhas e cabelo, era muito pequena e clarinha, parecia um brinquedo…
Ainda ficamos 20 dias internadas no hospital para o processo de ganho de peso.
Neste período fui me adaptando a troca de fraldas, amamentação, remédios, entre outros.
Não tive resguardo, mas cada minuto foi importante, digo que tenha sido crucial.
O pai dela nunca se aproximou verdadeiramente e nos visita de tempos em tempos.
Ajuda no que pode e sempre que vem a Helena não o reconhece como pai.
Eu nunca serei barreira entre eles, mas é tão triste ver minha filha crescer sem uma referência de pai.
Em março deste ano Helena operou o coração (a maioria dos portadores de Síndrome de Down tem algum tipo de cardiopatia que precisa de intervenção cirúrgica) e nós conseguimos vaga em um dos melhores hospitais para doenças do coração do estado de São Paulo.
Lá, só recebemos amor!
Ser mãe é sempre um aprendizado, nunca existe um fim, nunca ninguém estará totalmente preparado, mas o saldo destes dois anos de caminhada sendo mãe da Heleninha, é totalmente positivo.
Minha vida mudou muito, não tenho quase tempo pra mim, mas tudo o que fiz pela minha filha faria novamente.
Somos companheiras de caminhada, muito além de mãe e filha.
Ela é uma criança encantadora, que mesmo pequena já possui uma personalidade forte, é determinada quando quer algo e já me dá grandes certezas de que o céu será o limite, pois ela irá atrás de tudo o que quiser conquistar.
E eu MORRO de orgulho dela!!!!!!!!!!!!