A educadora, psicopedagoga e especialista em neurociência Kátia Chedid destaca que o contato com a natureza melhora todos os marcos mais importantes de uma infância saudável — imunidade, memória, sono, capacidade de aprendizado, sociabilidade, capacidade física — e contribuiu significativamente para o bem-estar integral das crianças e jovens. Sabemos que os benefícios são mútuos: assim como as crianças e adolescentes precisam da natureza, a natureza precisa das crianças e jovens.
Uma nova pesquisa baseada em dados de 18 países concluiu que adultos com melhor saúde mental são mais propensos a relatar ter passado tempo brincando em e ao redor de águas costeiras e interiores, como rios e lagos (também conhecidos como espaços azuis) quando crianças. A descoberta foi replicada em cada um dos países estudados.
Kátia Chedid aponta evidências crescentes, mostram que, passar tempo dentro e ao redor de espaços verdes, como parques e bosques na idade adulta, está associado à redução do estresse e a uma melhor saúde mental. No entanto, sabemos muito menos sobre os benefícios dos espaços azuis ou o papel que o contato infantil tem nesses relacionamentos na vida adulta.
Os dados vieram do Blue Health International Survey (BIS), uma pesquisa transversal coordenada pelo Centro Europeu de Meio Ambiente e Saúde Humana da Universidade de Exeter. A análise atual usou dados de mais de 15 mil pessoas em 14 países países europeus e 4 outros países/regiões não europeus (Hong Kong, Canadá, Australia e Califórnia).
O trabalho foi coordenado pelo Centro Europeu de Meio Ambiente e Saúde Humana da universidade de Exeter, na Inglaterra, e publicado na revista científica Journal of Environmental Psychology.
A conclusão das pesquisas foi de que adultos que tinham mais memórias positivas de terem nadado em “espaços azuis” quando crianças tendem a visitar esses ambientes com mais frequência depois que cresceram, o que por sua vez se associa com um maior bem-estar mental.
Uma das descobertas da pesquisa é que os indivíduos que se lembravam de mais experiências em lagos, rios e mares na infância tendiam a atribuir maior valor intrínseco aos ambientes naturais em geral e a visitá-los com mais frequência quando adultos — cada um dos quais, no que lhe concerne, era associado a um melhor bem-estar mental na idade adulta.
Kátia Chedid comenta que as descobertas sugerem que construir familiaridade e confiança dentro e ao redor de espaços azuis durante a infância pode estimular uma alegria inerente a aproveitar e respeitar a natureza e encorajar as pessoas a buscarem experiências recreativas na natureza, com consequências benéficas para a saúde mental dos adultos.
Fonte: Kátia A. Kühn Chedid: Educadora e especialista em Neurociência aplicada a Educação Educadora há mais de 35 anos. Pedagoga, psicopedagoga, especialista em gestão escolar, com extensão em Neuropsicologia, participou de grupos de estudo em Neurociência na Faculdade de Educação da PUC-SP, na Escola Politécnica e na Faculdade de Educação da USP. Finalizando a especialização em Neurociência aplicada à Educação pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.