Quedas de energia têm sido constantes; alternativa é se preparar com um “sistema backup”, explica especialista do Grupo Polar
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Quedas de energia têm sido constantes a cada temporal em São Paulo. Após o apagão, resultado de uma tempestade no dia 11 de outubro, que deixou mais de três milhões de pessoas sem luz, muitas por quase 1 semana, o temporal de ontem (23) ocasionou a interrupção de energia em mais de 50 mil imóveis na capital. Hoje (24), cerca de 36 mil mil imóveis ainda estão sem energia. No último sábado (19), mesmo com chuva moderada, mais de 14 mil residências também ficaram sem energia, boa parte até domingo.
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A situação resulta em prejuízos e, inclusive, riscos à saúde de quem faz uso de medicamentos termolábeis, ou seja, remédios que devem ser armazenados dentro de uma faixa de temperatura específica, até 8°C.
É o caso da insulina, usada por pacientes com diabetes tipo 1. Em Santo Amaro, por exemplo, o estoque de insulina de duas casas de repouso foi perdido após o apagão do dia 11; em São Bernardo do Campo, uma paciente perdeu R$ 600 em insulina, na ocasião.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, o Brasil tem 16,8 milhões de pessoas com a doença, entre as quais cerca de 560 mil têm diagnóstico de diabetes tipo 1 e necessitam de insulina diariamente para sobreviverem. Já de acordo com o relatório “Type 1 diabetes estimates in children and adults”, de diabetes tipo 1 em crianças e adultos, da IDF (Federação Internacional de Diabetes, na sigla em inglês), o Brasil é o 3º país no mundo em casos absolutos de diabetes tipo 1, atrás apenas dos Estados Unidos (1º colocado) e da Índia.
Por ser um medicamento biológico – produzido a partir de células vivas -, as insulinas lacradas precisam ser mantidas refrigeradas entre 2°C e 8°C. E aí, quando falta energia, o que fazer?
A alternativa é se preparar com um “sistema backup”, explica Liana Montemor, farmacêutica e diretora técnica do Grupo Polar, que atua em pesquisa e desenvolvimento de soluções para a Cadeia de Frio.
“Pode ser feito da seguinte maneira: tenha dentro do freezer gelos específicos para este fim (tipo gel ou em espuma), que já estejam congelados devidamente. Esses gelos podem ser encontrados em lojas especializadas em produtos para refrigeração. Os itens têm propriedades exclusivas que garantem a estabilidade na manutenção térmica de produtos de cadeia fria e são indicados para produtos que requerem tempo e temperaturas controlados, principalmente para a faixa de 2 a 8°C, como o caso da insulina”, fala.
Quando a energia acabar, a orientação é pegar o medicamento e os gelos, e colocá-los no “sistema backup”, que pode ser uma bolsa térmica ou uma caixa térmica. Existem bolsas térmicas que são qualificadas para manter a refrigeração por 12 a 15 horas e há caixas com prazo de conservação que vão de 72 a 96 horas. Tudo depende do quanto o paciente precisa manter o medicamento dentro dessa embalagem e baseado, principalmente, no histórico de queda de energia.
Vamos supor: em caso em que a área onde o paciente resida sofra com falta de energia corriqueiramente ou quando a interrupção dura 24 horas ou mais– situação que costuma acontecer quando há chuvas de grandes proporções, com quedas de árvores e danos no fornecimento de energia -, o ideal é que a pessoa tenha uma solução que dure mais de 24 horas e, para isso, o “sistema backup” é o “plano B” a ser executado quando a geladeira não funcionar”, pontua Liana. “Sendo assim, é importante deixar tudo pronto para, quando acontecer uma queda de energia, poder acondicionar o medicamento em um lugar que seja seguro e qualificado, do ponto de vista térmico, para sua conservação”, completa.
Termômetros ou dispositivos que monitoram a temperatura podem ser utilizados para garantir que a insulina ou outro medicamento termolábil esteja armazenado na faixa de temperatura adequada.
“E atenção: Importante ressaltar que o gelo água (aquele produzido em casa, por meio de forminhas) jamais deve ser utilizado, devido ao risco inerente de congelamento do medicamento”, ressalta. Ainda nesse contexto, o gelo artificial não pode encostar diretamente no frasco, sob o risco de congelar a insulina. Por isso, é importante ter caixas e bolsas térmicas que já contenham tais instruções e utilizem esses materiais adicionais para evitar o congelamento, impedindo, assim, que o medicamento entre em contato direto com o gelo. Se congelar, a medicação não poderá mais ser utilizada. “Existem empresas que são especialistas nesse tipo de solução e que ensinam ao paciente fazer esse procedimento de forma correta, garantindo a qualidade e eficiência do medicamento.
E mais um alerta: a partir do momento em que o medicamento for colocado dentro da caixa ou da bolsa térmica, é importante que a embalagem não seja aberta, a menos que a pessoa precise fazer a utilização”, diz.
A insulina e outros medicamentos termolábeis podem perder sua potência e eficácia se forem armazenados fora da faixa de temperatura recomendada, o que pode resultar em possíveis complicações no tratamento. “Portanto, com atenção aos detalhes, você dá luz ao que há de mais importante: a sua saúde”, conclui.
Fonte: Liana Montemor, farmacêutica e diretora técnica do Grupo Polar, que atua em pesquisa e desenvolvimento de soluções para a Cadeia de Frio.