De remédios aos cuidados com brincadeiras na água, pediatra desenvolve check list para orientar a programação das férias em família no Verão
Insolação, picadas de mosquito, pele descascando, dor de barriga de desidratação, machucados, febre. Para muitos, estes são sinônimos de férias de verão. Para evitar mais um ano lidando com a dificuldade de administrar crianças durante o descanso de final e começo de ano, Dra. Anna Bohn, Pediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), elaborou uma lista dos cuidados centrais para férias leves para mães, pais e cuidadores, e seguras para as crianças.
Faça um kit viagem
-Remédio para febre: dipirona, paracetamol e ibuprofeno são os mais comuns. Lembrando de não intercalar propositalmente sem falar com seu médico e preferir os dois primeiros.
-Remédio para alergias, como picadas: allegra, hixizine ou desloratadina.
– Remédio para vômito: ondansetrona (só há versões em comprimidos, mas são fáceis de diluir), dimenidrato (costuma dar sono, mas funciona melhor para enjoo em carro, barco ou avião)
-Corticoide (prednisolona): deve ser utilizado após indicação ou para quem já faz uso por crise de chiado por exemplo, na presença de uma crise. Para alergias intensas por comida ou picada, algumas vezes, o corticoide se faz necessário.
-Probiótico (floratil): para diarreias, alguns probióticos têm evidência de melhora dos episódios e intensidade.
-Soro fisiológico para lavagem nasal com seringa e inalação (levar inalador portátil)
-Antibiótico: fica reservado para viagens distantes, para lugares isolados ou no exterior. Nunca utilizar por conta própria e usar só em situações de emergência.
Como usar o protetor solar e exposição solar segura
Dra. Anna lembra que, antes dos 6 meses de idade, não está liberado o uso de protetor, assim como também não é recomendada a exposição ao sol. “Use chapéus, roupas compridas e deixe o bebê em locais com sombra”, indica ela.
Entre os 6 meses e os 2 anos, ela recomenda evitar exposição solar entre 10h e 16h. “Ao sair ao sol, passe protetor solar 30 minutos antes e escolha filtros minerais, ou seja, produtos com substâncias inorgânicas chamadas de filtros físicos, que possuem menos efeitos colaterais e riscos de alergia”, recomenda a pediatra.
Além disso, ela lembra que repassar o filtro a cada 2 horas é tão essencial quanto a primeira passada do dia e deve acontecer também levando em conta o tempo dentro d’água. “Não existem filtros totalmente à prova d’água”, informa a Dra. Anna, sugerindo que os cuidadores deem o exemplo e repassem o protetor em si mesmos para que as crianças vejam e, em seguida, passem nelas.
Atenção dentro da água
Piscina e mar são sinônimos de férias de verão. Entretanto, é nessa época que os acidentes aumentam muito. A indicação da pediatra é de jamais deixar as crianças desacompanhadas no mar ou na piscina, mesmo que elas saibam nadar. “Se for utilizar boia, certifique-se de que é do tipo colete ou aquelas que têm suporte na parte anterior do tronco. Boias somente de braços não são seguras, pois podem escapar e deixar a criança totalmente sem suporte”, explica ela.
“Oriente as crianças a não tomarem água do mar ou da piscina, pelo grande risco de contaminação com germes”, sugere a Dra. Anna, ao lembrar também do cuidado com as ondas do mar e os mares agitados, que levam ao risco de afogamento. “Muitas vezes, há correntezas embaixo d’água, que podem facilmente derrubar uma criança ou até mesmo adulto”.
Uso de repelente
Repelentes são indicados a partir de 6 meses com segurança, informa a especialista, adicionando que, por outro lado, eles não protegem totalmente contra picadas. “Nessa idade, o número de aplicações é restrito por conta do risco de absorção das substâncias e alergias. Há divergências entre os fabricantes, mas não se deve passar de uma ou duas aplicações ao dia”, orienta ela. A outra opção é usar roupas compridas, caso haja muitos mosquitos.
Mosquiteiros em berços e carrinhos é o que ela sugere para a proteção dos bebês menores, contando também com a ajuda de velas de citronela ou lâmpadas com armadilhas para mosquitos. “Repelentes de tomada não são indicados pelo risco de sintomas respiratórios associados”, pondera.
Hidratação no calor
Apesar de todas as brincadeiras envolvendo água, o verão exige atenção extra com a hidratação do corpo, principalmente frente aos episódios de ondas de calor que estamos vivendo. “Com tudo isso, as crianças estão em maior risco de desidratação, queimaduras e insolações”, lembra a Dra. Anna. Sua recomendação nesse sentido é que mães, pais e cuidadores ofereçam sempre água gelada várias vezes ao dia porque ela ajuda a regular a temperatura e a melhorar a indisposição do excesso de calor. “Crianças nem sempre percebem que estão com sede e nem sempre pedem água, principalmente enquanto estão brincando”, justifica a médica. Em complemento à hidratação interna, ela indica também que as crianças sejam convidadas a fazer pausas na sombra.
Fonte: DRA ANNA DOMINGUEZ BOHN – CRM SP 150 572 – RQE 106869/ 1068691 – Registro pela Sociedade Brasileira de Pediatria Registro de Terapia Intensiva Pediátrica pela Associação de Medicina Intensiva. Graduação em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Residência em Pediatria e Terapia Intensiva Pediátrica pela Universidade de São Paulo. Curso de especialização em cardiointensivismo pelo Hospital SICK KIDS, Universidade de Toronto. Pós-graduação em Síndrome de Down pelo CEPEC – FMABC (centro de pesquisa e estudos) MBA em gestão de saúde pelo Hospital Israelita Albert Einstein Vice-presidente do Núcleo de Estudos da criança e adolescente com deficiência, Sociedade Paulista de Pediatria