Filhos que não desgrudam dos pais

Crianças com esses comportamentos demonstram falta de segurança e autonomia, pouca tolerância à frustração e baixa auto-estima.

Existem crianças que dormem na cama dos pais e, às vezes, só conseguem dormir tendo a presença deles, têm medo de ir à escolinha porque ficarão sem eles, choram muito no caminho à escola e muitas delas até adoecem. Isso não é nada bom!

Para a psicóloga Marystela Rodrigues Ribeiro, crianças com esses comportamentos demonstram falta de segurança e autonomia, pouca tolerância à frustração e baixa auto-estima. Além disso, podem apresentar dificuldades em se relacionar com outras pessoas e fazer amigos.

“Os filhos que não desgrudam dos pais, geralmente, são crianças dependentes emocionalmente e temem em ficar sozinhas ou serem abandonadas”, revela a psicóloga.

Na fase escolar, o “grude” é evidenciado de outras formas. As crianças podem desenvolver dificuldades em acompanhar a evolução das aulas por temerem em pedir ajudar e orientação à professora.

Esse problema é conseqüência direta da atitude dos pais, que não cortam o “cordão umbilical” de seus filhos. Em muitos casos, isso ocorre porque os pais temem ser abandonados.

“Geralmente esse ‘grude’ está muito mais relacionado com os medos, inseguranças e pavores dos pais do que os da própria criança. Os sentimentos vivenciados pelos filhos, em muitos casos, são reflexos dos sentimentos dos pais”, conta Marystela.

Super protetores – Pais que normalmente se mostram super protetores com os filhos tendem a oferecer mais ajuda do que eles realmente necessitam, querendo resolver todos os problemas das crianças.

A criança super protegida pelos pais torna-se muito dependente, precisando da atenção, da aprovação e da ajuda dos pais. Não consegue iniciar atividades próprias nem vencer as dificuldades que aparecem.

Por outro lado, abusar de castigos também não é nada interessante para uma criança. O excesso de repreensões por parte dos pais pode deixar a criança acuada, tornando-a obediente, entretanto, dependente e pouco criativa. Saber educar é a melhor lição.

“Os pais costumam ficar satisfeitos pelos filhos obedientes e emocionalmente dependentes, mas a verdade é que os prejuízos futuros em conseqüência da dependência emocional e da ausência de uma vida criativa são grandes”, alerta a psicóloga.

Como evitar o “grude” – Os primeiros passos do “desgrude” devem ser dados pelos adultos. Os pais podem começar por expressões concretas de amor ao filho. Carinho dos pais ajuda os filhos terem maior confiança e sociabilidade. Mas esse amor tem que vir junto com limite. Crianças que não se sentem exigidas consideram-se menos queridas.

“Para um melhor desenvolvimento infantil é necessário que os filhos tenham seu próprio espaço, ou seja, sua cama, seus objetos, seus brinquedos e que adquiram suas responsabilidades e autonomias de acordo com a idade, como escovarem os dentes, se alimentarem, se vestirem, tomarem banho e com o passar dos anos saírem sozinhos de casa”.

Estimulando independência dos filhos, estes se tornam mais independentes e adaptados às situações sociais. Isso não quer dizer que os pais estarão abandonando seus filhos, mas sim deixando que façam por si próprios, pois só aprende quem faz.

Sempre mostrar o quanto essa criança é querida, criando vínculo emocional, mas também já dando certa liberdade como deixá-la comer sozinha mesmo que isso implique em ter que limpar toda a cozinha depois.

“Sabemos que os sentimentos dos pais são de proteger seus filhos, impedindo que passem por decepções e tenham frustrações. Se pudessem, os colocariam numa redoma, porém impediriam que eles crescessem. Os pais devem ensinar seus filhos e não fazer por eles. Num futuro próximo eles irão agradecer”, finaliza Marystela.

Criança segurando a perna da mãe - foto: varandah/ShutterStock.com

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