Devo mudar minha dieta e meus hábitos? Preciso de alguma medicação especial? Saiba tudo sobre o tratamento
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Muitos casos de infertilidade podem ser resolvidos com a Fertilização In Vitro (FIV). Caso um médico tenha indicado a FIV por ela ser o tratamento mais apropriado para o seu caso, é fundamental conhecer dicas de como se preparar para ela, elevando as chances de sucesso do procedimento. Conversamos com o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em Reprodução Humana e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, para saber tudo sobre a preparação:
Exames antes do tratamento. Para que a FIV seja o tratamento de fertilização recomendado pelo médico especialista, inicialmente será necessário realizar diversos exames no casal. “Essa investigação completa deve envolver ambos e inclui uma série de protocolos clínicos como perfil imunológico, metabólico e hormonais, exames de secreção vaginal, avaliar a flora vaginal, espermograma e índice de fragmentação de DNA espermático. Outros exames complementares podem ser solicitados pelo especialista como para identificar ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis)”, diz o médico.
Recomendação. O especialista explica que os tratamentos de reprodução humana são recomendados em casos de alterações das tubas, endometriose profunda, idade avançada e casos de alterações importantes de sêmen que dificultam ou impedem a gravidez espontânea.
Medicação. Se o casal for encaminhado para um tratamento de FIV, a mulher precisará tomar determinadas medicações hormonais. “Os medicamentos hormonais servem para estimular o crescimento e recrutamento dos folículos existentes naquele ciclo menstrual no ovário. Com isso, há mais folículos crescendo e, na aspiração, maior número de óvulos coletados. O controle dessa estimulação é realizado por meio de ultrassonografia e também por exames de sangue, que colaboram na identificação do momento correto de fazer a coleta dos óvulos”, explica o Dr. Rodrigo Rosa.
Duração da FIV. A primeira fase é a de estímulo ovariano, coleta de óvulos e coleta de sêmen, com a união de ambos os gametas no laboratório e o desenvolvimento desses embriões. “Esse estágio dura entre 13 e 14 dias e os embriões se desenvolvem de três a cinco dias no laboratório. A transferência do embrião pode ser feita no mesmo ciclo menstrual, o que ocorre em 10% dos casos apenas, ou um ciclo menstrual seguinte. Nesses casos, os embriões são congelados, a mulher menstrua de novo, e a transferência de embrião é realizada de 17 a 20 dias após a menstruação. O tratamento como um todo demoraria entra 45 a 50 dias”, diz o médico.
O que muda na rotina. Em geral, a mulher não precisará de grandes mudanças na rotina durante o tratamento de FIV, no entanto, os especialistas recomendam que não sejam realizadas atividades de impacto, como corrida ou musculação, que podem provocar o aumento dos ovários e prejudicar o tratamento. “No período também é recomendado que a mulher não cometa excessos, como consumo de álcool, tabaco ou medicações sem informar o médico especializado em reprodução humana. Mesmo o excesso de trabalho e ansiedade podem ser danosos neste momento, sendo importante evitá-los”, enfatiza o Dr. Rodrigo.
Mudanças na dieta. Com relação à dieta, em geral, o tratamento não exige grandes restrições, mas é recomendado seguir uma alimentação saudável e evitar ultraprocessados, segundo o médico. “Uma indicação é consumir entre 60 a 70 g de proteína diariamente; esse nutriente pode ser encontrado em carnes magras, peixes, favas, ovos e lentilhas. Comer alimentos ricos em cálcio também pode ajudar; eles estão em alimentos como iogurte, amêndoas, queijo e legumes como couve ou espinafre. O folato, vitamina B9 presente em alimentos verde escuros, também é importante; coma legumes, frutas, favas, ervilhas, lentilhas, castanhas e cereais. Pode ser sugerida a suplementação com a forma ativa dessa substância, que é o metilfolato. Além disso, a mulher deve ingerir uma quantidade adequada de água diariamente visando manter-se hidratada e nutrida”, conta.
Efeitos colaterais. A medicação ingerida durante o tratamento pode provocar alguns efeitos colaterais leves como inchaço e retenção de líquido, que somem logo após a menstruação e coleta de óvulos. “Ocorrências mais intensas como dor de cabeça, desconforto abdominal e mudanças de apetite ou humor estão associadas a casos de estimulação exagerada dos folículos, sendo importante comunicar o médico se ocorrerem. Os efeitos colaterais graves como trombose, sangramentos e infecções são raros, mas podem acontecer, o que exige um monitoramento contínuo do médico responsável”, diz o médico.
Chances de sucesso. O Dr. Rodrigo explica que o sucesso é variável, de acordo com a idade da mulher e com o número de óvulos coletados, que por sua vez depende da reserva ovariana (que é o estoque de óvulos) e da resposta ovariana ao estímulo. “A taxa de sucesso pode variar de 60% em mulheres até 35 anos até 10% por volta dos 43 anos. O tratamento pode ser repetido caso não haja sucesso na primeira tentativa”, finaliza o especialista.
Fonte: DR. RODRIGO ROSA – Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, e do Mater Lab, laboratório de Reprodução Humana. Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. Instagram: @dr.rodrigorosa