Existe um tipo de gagueira considerada normal para a fase, chamada de gagueira fisiológica ou disfluência que ocorre com muitas crianças e é passageira.
O bebê da mamãe que até pouco tempo falava apenas algumas palavras isoladas agora quer falar tudo e contar tudo o que aconteceu o dia todo quando se encontravam separados. Mas algo ocorre no meio de tudo isso: a criança dá umas gaguejadas de vez em quando.
Alguns pais se desesperam e acham que o filho está gago, outros nem percebem que esse “tropeço” na fala acontece. Qual atitude tomar diante dessa situação?
Nem tanto ao céu e nem tanto à terra. Não precisamos de radicalismo. Pais ansiosos ou os que não prestam atenção nas atitudes de seus filhos são prejudiciais para o desenvolvimento da fala e linguagem dos pequenos.
O que os pais precisam saber é sobre o desenvolvimento normal da fala e linguagem da criança. Mas fala e linguagem não são a mesma coisa? Não. Linguagem é como se fosse nosso pensamento, todo nosso conhecimento, o que está dentro da nossa cabeça. A fala expressa todo o esse conhecimento.
Aos dois anos e meio, mais ou menos, acontece um “boom”, crescimento, da linguagem da criança que não é muito bem acompanhado pelo desenvolvimento da fala e articulação da criança. Então, quando a criança quer contar o que aconteceu na escolinha durante o dia, seu pensamento já passou pela manhã e tarde e está no momento da saída, mas a fala ainda não conseguiu terminar nem a primeira brincadeira da manhã.
É nesse momento que ocorre o “tropeço”, mais conhecido como gagueira, mas é uma leve disfluência ou gagueira fisiológica. É normal. A criança está se adaptando com tantas palavras novas.
“Podemos comparar com o começo do andar. O bebê dá os primeiros passinhos e já quer sair correndo, como não tem coordenação motora suficiente para isso, cai. É a mesma coisa com a linguagem e fala: a criança não consegue falar tão rápido como o seu pensamento e aí dá uma gaguejada”, explica a fonoaudióloga Jamile Elias.
Como agir nesses casos – Os pais devem entender que isso é normal e deixar a gagueira acontecer sem pedir para a criança ter calma, que fale mais devagar ou parar e respirar. Ninguém precisa disso para falar, nem as crianças. Com essas “dicas” as crianças vão ficando mais tensas na hora de falar e a gagueira aparecerá ainda mais, podendo a gagueira se tornar permanente.
Os pais devem prestar atenção, sim, na gagueira quando houver alguma história de gagueira na família, tanto da mamãe quanto do papai.
Se houver esse histórico, e a criança começar a gaguejar, leve-a para uma avaliação fonoaudiológica, pois essa criança tem maiores chances de não ser só uma gagueira do desenvolvimento normal. Mas a dica é a mesma: deixe a gagueira acontecer, escute seu filho sem interromper ou completar a palavra que ele está com dificuldade para falar.
Agora, se passarem seis meses e essa gagueira não desaparecer, consulte um fonoaudiólogo que avaliará com mais profundidade o caso do seu filho.
Dicas
Quanto mais tensão, mais gagueira aparece. Não chame seu filho de gago e ou o force a falar na frente de pessoas que ele não queira.
Não se mostre impaciente diante da gagueira do seu filho. Mesmo que você não fale nada, suas pernas balançando e inquietas demonstram.
E lembre-se que gagueira no começo do desenvolvimento da fala e linguagem é normal e não precisa da ansiedade dos pais.