Neste mês, gostaria de abordar um assunto muito diferente e ao mesmo tempo importante para o universo da maternidade. Vamos lá!
Recentemente, uma notícia publicada na imprensa internacional surpreendeu o mundo. Trata-se do nascimento de um casal de gêmeos americanos provenientes de um congelamento de embriões realizado em abril de 1992. Ou seja, há mais de 30 anos. O caso foi divulgado pelo Centro Nacional de Doação de Embriões dos Estados Unidos e se tornou um recorde mundial, que até então pertencia a Molly, um embrião americano congelado por 27 anos, nascido em 2020. Já os progenitores destes bebês são um casal de doadores anônimos. Segundo o Centro, na época do congelamento, o pai possuía 50 anos de idade e a mãe, 34.
O caso raro destes bebês americanos integram o estudo sobre o número de dados do Centro Nacional de Doação de Embriões (NEDC, na sigla em inglês), que afirmam ter ajudado no nascimento de mais de 1.200 bebês a partir de embriões doados.
No caso destes gêmeos com um congelamento tão longo, para que esse nascimento fosse possível após três décadas, os embriões precisaram ficar congelados em nitrogênio líquido com temperatura de -196 C, em um tanque apropriado.
Sem dúvidas, esses embriões de 30 anos mostram o quanto o congelamento de óvulos dentro da medicina reprodutiva é eficiente, descartando quaisquer dúvidas sobre.
Além disso, como especialista da área, posso afirmar que é o congelamento é uma técnica indicada e aplicada para que os casais possam para preservar a fertilidade ou, no caso dos que têm embriões excedentes, podem ser seguros para a possibilidade da doação, um outro assunto que até então é pouco falado, mas sem dúvidas é algo que precisa ter cada vez mais destaque, já que é uma possibilidade para os casais que não conseguem engravidar com os próprios óvulos ou os próprios embriões alcancem o sonho de constituir uma família.
Sobre o longo período de congelamento do caso dos gêmeos americanos, destaco que durante o processo não há perda na qualidade do embrião e nem na chance de engravidar, já que a preservação da fertilidade acontece ou por meio da vitrificação ou por meio do congelamento de óvulos, espermatozoides ou congelamento de embriões.
Quero ressaltar que todos os procedimentos são uma técnica segura, com ótimos resultados, principalmente no caso do congelamento de embriões. Este é realmente um processo de altíssima excelência.
Finalizo este texto destacando algo que acho muito importante de ser dito: na medicina, é um erro generalizar as respostas sobre o congelamento, pois cada paciente tem necessidades e características particulares. O que posso dizer é que, em geral, o congelamento de embriões é procurado por casais que têm uma união estável, já decidiram que querem ter um filho juntos e aguardam o momento mais oportuno para concretizar esse desejo. Outra indicação seria o caso de mulheres mais velhas, principalmente após os 38 ou 39 anos, uma vez que nestas pacientes os resultados do congelamento de óvulos são menores e/ou necessitamos de um número muito elevado de óvulos para maiores taxas de sucesso.