Ginecomastia na Infância: Hábitos Saudáveis são a Base do Tratamento para Evitar a Cirurgia

Endocrinologista explica sobre a ginecomastia puberal.

A ginecomastia é caracterizada pelo aumento da glândula mamária masculina e pode estar associada ou não ao acúmulo de gordura. A criança também pode apresentar ginecomastia por consequência do aumento hormonal na adolescência, o que é considerado normal, e pode acontecer a partir dos 9 ou 10 anos de idade, com incidência maior por volta dos 14 ou 15 anos.

O Brasil está em 5º lugar entre os países com maior número de crianças e adolescentes com obesidade até 2030, segundo o Atlas Global e Obesidade Infantil de 2019. Dados do Ministério da Saúde apontam que uma em cada 3 crianças está com sobrepeso ou obesidade no País.

Segundo a Organização Mundial da Saúde cerca de 340 milhões de crianças e adolescentes – de 5 a 19 anos – apresentam sobrepeso e obesidade. A obesidade infantil já é considerada uma epidemia mundial. (leia aqui).

A endocrinologista Dra. Lorena Lima Amato conta que a ginecomastia, na maioria das vezes, causa problemas psicológicos nos meninos e pode estar associada também ao ganho de peso. “Isso porque na gordura existe uma enzima chamada aromatase, responsável pela conversão dos hormônios masculinos em hormônios femininos (conversão da testosterona em estrogênio). Por isso, em crianças com obesidade, esse descontrole hormonal pode causar o aumento da mama”, explica Dra. Lorena.

Durante a fase da puberdade, o descontrole hormonal causado pelo estirão de crescimento pode acontecer, o que chamamos de ginecomastia puberal. Em meninos, o estirão, geralmente, ocorre por volta dos 12 aos 16 anos, com um pico entre 13 e 14 anos de idade.

“As chances de desenvolver ginecomastia aumentam quando o paciente tem obesidade e acúmulo de gordura na região do tórax. Por isso, é muito importante cuidar da alimentação e praticar esportes, principalmente, neste período da adolescência”, ressalta a endocrinologista.

O adolescente com ginecomastia puberal se sente mais desmotivado, sem vontade de estar com as pessoas, muitas vezes sofre bullying na escola, podendo apresentar depressão e, em estados mais extremos, ansiedade e outros problemas como síndrome do pânico.

Caso haja suspeita, é preciso fazer uma avaliação com endocrinologista para que o especialista possa solicitar exames para medir a gonadotrofina coriônica humana (HCG), hormônio luteinizante (LH), testosterona e estradiol, além de outros hormônios, como o hormônio estimulador da tireoide.

Dependendo do resultado, o médico poderá iniciar um tratamento com medicamentos, além de indicar a prática de atividades físicas e de uma alimentação saudável. “Naturalmente, essa anormalidade na quantidade de hormônios masculinos e femininos pode voltar ao normal sem uso de medicamentos ou cirurgia, mas é importante que os pais procurem ajuda médica para seus filhos”, alerta Dra. Lorena.

Quando há indicação para cirurgia?

O Dr. Fernando Amato, cirurgião plástico e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), explica que a cirurgia está indicada quando não existe causa identificada, ou, se identificada a causa, ela já for controlada e não havendo uma regressão da glândula após um ou dois anos. Em casos de menores de idade, além da autorização de um responsável, é importante o desejo e consentimento do paciente.

“O tratamento cirúrgico consiste na ressecção do excesso de glândula mamária, lipoaspiração da gordura, e ou ressecção do excesso de pele, devolvendo a sensação de bem-estar e o resgate da autoestima masculina”, explica Dr. Amato.

Os cuidados após a cirurgia de ginecomastia devem ser levados a sério, para que o paciente tenha o melhor resultado possível. Dr. Fernando aponta cinco dicas que considera fundamentais durante o período pós-operatório:

  • Utilizar cinta pós-cirúrgica/modeladora conforme orientado.
  • Fazer repouso nos primeiros dias, sem elevar os braços acima dos ombros. Não pode ter esforço físico, mas caminhadas são bem-vindas e devem ser estimuladas.
  • Beber bastante água, preferir frutas e legumes, evitar alimentos gordurosos, frituras e alimentos industrializados.
  • Respeitar as orientações sobre os medicamentos. Utilizar os analgésicos, antinflamatórios e antibióticos exatamente como na prescrição indicada pelo médico.
  • Não se expor ao sol enquanto houver inchaços e equimose (roxos), que podem prejudicar a cicatrização.

“Minha proposta como endocrinologista é a prevenção: adotar um estilo de vida saudável para evitar futuros problemas causados pela obesidade como colesterol alto, diabetes e hipertensão arterial. A medicina de estilo de vida é baseada em seis pilares: nutrição, atividade física, sono, controle do consumo de substâncias tóxicas, manejo do estresse e relacionamentos saudáveis. O objetivo é acabar com a ginecomastia adotando esses hábitos”, diz Dra. Lorena.

Fonte:

Dra. Lorena Lima Amato – A especialista é endocrinologista pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), com título da Sociedade Brasileira de Endocrinologia (SBEM), endocrinopediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria e doutora pela USP.

Dr. Fernando C. M. Amato – Graduação, Cirurgia Geral, Cirurgia Plástica e Mestrado pela Escola Paulista de Medicina (UNIFESP). Membro Titular pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, membro da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) e da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS).

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