Acredita-se que o estilo de vida da população contemporânea leve à infertilidade
Infertilidade, ou seja, a incapacidade de engravidar após um ano de tentativas frequentes sem uso de qualquer método contraceptivo, é mais comum do que imaginamos. Em torno de 20 por cento dos casais em vida reprodutiva não conseguem engravidar. Índice muito mais alto quando comparados aos outros mamíferos.
Acredita-se que o estilo de vida da população, a obesidade, o estresse e outros fatores da vida contemporânea podem levar à infertilidade, que vem aumentado drasticamente nas últimas décadas.
Em uma recente pesquisa do Fertility Medical Group, apresentado no encontro anual da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE), em Helsink, na Finlândia, em julho de 2016, ficou provado como o estilo de vida contemporâneo pode afetar a fertilidade.
O estudo avaliou a influência da prática de atividades físicas, hábitos alimentares e a presença de gordura abdominal nos resultados dos ciclos de reprodução assistida. Para tal, anteriormente ao início do tratamento, 602 pacientes foram entrevistadas pela nutricionista e Drª. Gabriela Halpern, do grupo Fertility. As participantes responderam perguntas a respeito da dieta, número de refeições por dia e frequência de atividades físicas. As medidas das cinturas e dos quadris foram calculadas para uma estimativa da deposição de gordura no abdômen.
Além de influenciar negativamente a chance de fertilização, os dados mostraram que para cada unidade a mais na razão cintura/quadril, a qualidade do embrião diminuiu em torno de 20 por cento.
Quando avaliada a influência da atividade física, notou-se que a chance de fertilização foi significantemente aumentada entre as mulheres que praticavam atividade regularmente.
Essas mulheres também apresentaram mais de 50 por cento de chances de terem um embrião de boa qualidade. E quando ambos os parceiros praticavam atividades físicas, a chance de o embrião sobreviver até o quinto dia em cultivo in vitro foi mais do que o dobro, a chance de gestação aumentou em quase 50 por cento e a chance de ter um bebê saudável em casa aumentou em 10 por cento.
Para o coordenador do estudo, Drº. Edson Borges Jr., especialista em reprodução humana assistida e diretor científico do Fertility Medical Group, a fertilidade humana tem declinado ao longo dos anos e, ainda que as causas para essa queda não tenham sido totalmente elucidadas, acredita que agentes externos como meio ambiente e estilo de vida estejam relacionados.
Já a nutricionista Gabriela Halpern explica que o estilo de vida inclui diversos fatores como hábitos alimentares, exposição a situações que levem ao estresse, atividades físicas, tabagismo, alcoolismo e inúmeros outros.
Portanto, estudos como esse tem a dificuldade de avaliar um hábito de vida independentemente de outro. Deve-se considerar quo os achados deste estudo podem também estar relacionados a outros hábitos associados que não foram investigados na pesquisa.
Borges comenta ainda que não há dúvida que a combinação de hábitos saudáveis tem um impacto significante na chance de engravidar e deve ser considerada antes de iniciar qualquer tratamento de reprodução assistida. Já os pacientes precisam ser alertados sobre a importância de tais fatores no sucesso do tratamento.