A importância do diagnóstico precoce para reduzir os riscos de uma gravidez que pode ser fatal para a gestante
A gravidez ectópica é a implantação de um óvulo fertilizado em um local anômalo, como, por exemplo, nas trompas, não oferecendo condições para o correto desenvolvimento e consequente sobrevida do feto.
Considerada a principal causa de morte materna no primeiro trimestre da gestação, a gravidez ectópica é responsável por 9% dos óbitos maternos durante o ciclo gravídico-puerperal.
“Cerca de 2% das gestações são uma gravidez ectópica, mas após a primeira ocorrência, a probabilidade de recorrência é maior. Por este motivo, gestantes já diagnosticadas com uma gravidez ectópica anterior devem ter cuidado redobrado, alerta Dr. Alexandre Rossi, médico ginecologista e obstetra, responsável pelo ambulatório de Ginecologia Geral do Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros e médico colaborador de Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP.
A incidência também é maior em casos de cirurgia tubária prévia, endometriose, doença inflamatória pélvica, uso de contraceptivo de emergência e tabagismo.
Fatores de risco
· gravidez ectópica anterior
· procedimento cirúrgico anterior, como um aborto ou uma laqueadura tubária
· anomalias das trompas de Falópio
· uso atual de um DIU (dispositivo intrauterino)
· fertilização in vitro na gravidez atual
· uso de contraceptivos orais que contêm estrogênio e progestina
· histórico de doença inflamatória pélvica ou infecções sexualmente transmissíveis (sobretudo por Chlamydia trachomatis)
· infertilidade
· tabagismo
Sintomas
Os sintomas de uma gravidez ectópica variam e podem até não ocorrer até o rompimento da estrutura que contém a gravidez ectópica. Podem também ocorrer sangramento vaginal, dor em pontada ou na forma de cólica. Em muitos casos, inclusive, os sintomas ocorrem ainda antes do atraso da menstruação, quando a mulher ainda nem suspeita estar grávida.
Quando a estrutura se rompe, explica o Dr. Alexandre, uma dor súbita, forte e constante na parte inferior do abdômen, seguida de perda significativa de sangue, e em alguns casos desmaio e tontura.
“Podem ocorrer queda abrupta da pressão arterial (choque) e peritonite (inflamação da membrana que reveste a cavidade abdominal)”.
Principais riscos
No curso normal de uma gravidez, o óvulo é fertilizado na trompa de Falópio (tuba uterina) e segue em direção ao útero, onde permanecerá até o final da gestação. No entanto, por diversos motivos, a trompa pode apresentar algum estreitamento ou bloqueio, impedindo a passagem do óvulo fertilizado.
“A gravidez ectópica também pode ocorrer em outros locais, como ovário, colo do útero e abdômen”, afirma o especialista.
A duração de uma gravidez ectópica pode variar, dependendo de sua localização, mas sem o fornecimento de sangue ou suporte necessário ao feto, somente possíveis no útero, esta gravidez não será viável. Em geral, sua duração não ultrapassa 16 semanas, muito antes do tempo necessário para a sobrevivência do feto. Por este motivo, o ideal é o diagnóstico precoce, para minimizar o risco de sangramento, não colocando a vida da mulher em risco.
Diagnóstico
O diagnóstico pode ser feito através de um exame clínico detalhado, exames laboratoriais e, muitas vezes, já nas primeiras consultas do pré-natal, por meio da ultrassonografia.
Segundo o Dr. Alexandre, sem o diagnóstico, esta gravidez resultará em ruptura, causando dor abdominal e sangramento vaginal. Conforme a localização da gravidez e qualidade de atendimento oferecido para a paciente, estes episódios podem ser fatais.
Caso a mulher ainda não saiba da gravidez e haja a ruptura, diante dos sintomas, no pronto-socorro, o médico solicitará um teste para confirmar a gestação, seguido de ultrassonografia transvaginal, para detectar a localização.
Quando necessário, é possível o uso de um tubo com feixes de fibra óptica, denominado laparoscópio, que permite a visualização direta da gravidez ectópica.
Tratamento
Com base em resultados de exames de sangue e de ultrassonografia, é importante determinar a localização do feto e realizar sua remoção, bem como da placenta, o mais brevemente possível, antes que haja a ruptura.
Conforme a localização do embrião e o tempo gestacional, algumas opções poderão ser indicadas, incluindo o tratamento medicamentoso, com metotrexato, ou cirúrgico, explica o Dr. Alexandre.
“O tratamento cirúrgico é realizado por laparoscopia. Um tubo de visualização (laparoscópio) é inserido na cavidade abdominal através de uma pequena incisão logo abaixo do umbigo e, por meio de instrumentos inseridos através do laparoscópio, a gravidez ectópica é removida”. Além do feto e da placenta, em alguns casos há a necessidade de retirada de outros órgãos danificados pela gravidez ectópica, como a trompa de Falópio ou até mesmo o útero, por meio de uma histerectomia.
Fonte: Dr. Alexandre Rossi, médico ginecologista e obstetra, responsável pelo ambulatório de Ginecologia Geral do Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros e médico colaborador de Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP.