Aumento dos hormônios, crescimento do útero e sobrecarga da musculatura pélvica explicam o problema em gestantes

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Muitas mulheres gestantes relatam problemas com perda urinária que ocorre de forma súbita. Mas por que isso acontece? “A incontinência urinária na gestação é uma condição comum, mas muitas vezes subestimada, que afeta a qualidade de vida das gestantes. Estima-se que cerca de 30% a 50% das mulheres enfrentem algum grau de perda involuntária de urina durante a gravidez”, diz o médico Dr. Nélio Veiga Junior, ginecologista e obstetra, Mestre e Doutor em Tocoginecologia pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM/UNICAMP).
Segundo o ginecologista, durante a gravidez, diversas mudanças fisiológicas podem contribuir para o surgimento da incontinência urinária. Os três principais fatores são: alterações hormonais, pressão do útero sobre a bexiga e fraqueza do assoalho pélvico. “Primeiramente, o aumento dos hormônios progesterona e relaxina (hormônio que o corpo produz para preparar o aparelho reprodutor para o parto) promove o relaxamento dos músculos do assoalho pélvico e da uretra, reduzindo o controle urinário. Depois, com o próprio crescimento do útero, a bexiga é comprimida, reduzindo sua capacidade de armazenar urina e aumentando a frequência urinária. E, por fim, a sobrecarga da musculatura pélvica pode levar à perda de força e controle, resultando em escapes involuntários de urina, especialmente ao tossir, espirrar ou realizar esforços físicos”, comenta o obstetra.
O médico explica que há dois tipos de incontinência urinária na gestação: a de esforço e a de urgência. “No primeiro caso, a perda de urina ocorre no momento da realização de atividades que aumentam a pressão intra-abdominal, como rir, tossir ou levantar peso. No caso da incontinência urinária de urgência, a necessidade súbita e incontrolável de urinar, muitas vezes, faz com que a paciente não consiga chegar ao banheiro a tempo”, completa.
Segundo o Dr. Nélio, embora a incontinência urinária na gestação seja temporária para a maioria das mulheres, algumas estratégias podem ajudar na prevenção e no controle do problema. “A prática do fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico com sessões de fisioterapia pélvica e os exercícios de Kegel pode melhorar a continência urinária. A hidratação equilibrada também é fundamental. Beber líquidos na quantidade adequada e evitar o consumo excessivo de cafeína e bebidas gaseificadas pode reduzir a irritação da bexiga”, diz o médico. Além disso, é recomendado o controle do peso. “O ganho de peso excessivo pode aumentar a pressão sobre a bexiga e os músculos pélvicos”, completa. Em alguns casos, a fisioterapia pélvica também pode ser indicada. “Em casos persistentes, a orientação de um fisioterapeuta especializado pode ser fundamental para fortalecer a musculatura e evitar complicações futuras”, completa.
Após o parto, algumas mulheres podem continuar apresentando sintomas de incontinência urinária, especialmente aquelas que tiveram múltiplas gestações, independente da via de parto, segundo o ginecologista. “Caso os sintomas persistam, é essencial buscar orientação médica para avaliação e tratamento adequado. A incontinência urinária na gestação é um problema comum, mas não deve ser negligenciado. Com orientação de profissionais de saúde especializados, é possível reduzir os impactos dessa condição e garantir mais conforto e qualidade de vida para as gestantes”, finaliza.
Fonte: DR. NÉLIO VEIGA JUNIOR: Médico ginecologista e obstetra, Mestre e Doutor em Tocoginecologia pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM/UNICAMP). Atua em consultório privado e já foi médico preceptor no curso de Medicina da UNICAMP e médico pesquisador no Centro de Pesquisa em Saúde Reprodutiva de Campinas. Participa periodicamente de congressos, eventos e simpósios, além de ser autor de diversos artigos científicos publicados em revistas nacionais e internacionais. CRM 162641 | RQE 87396 | Instagram: @neliojuniorgo