Tanto homens quanto mulheres com obesidade tendem a ter problemas de infertilidade. Médico especialista explica
A Organização Mundial da Saúde tem alertado que a prevalência de obesidade triplicou em todo o mundo desde 1975. No Brasil, a doença crônica afeta quase 1/4 da população, mas o sobrepeso acomete quase seis em cada 10 brasileiros. O excesso de gordura corporal está relacionado a uma série de doenças metabólicas e morte prematura, mas também pode inflamar o corpo e diminuir até as chances de gravidez. “A ovulação e a função reprodutiva são eventos biológicos dependentes das reservas energéticas do corpo. Não só o peso em específico, mas principalmente a composição corporal e a distribuição de gordura no corpo, além da qualidade da dieta e o sedentarismo, podem, sim, estar ligados à infertilidade feminina e masculina”, explica o Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita.
Quanto às mulheres, a obesidade está associada a distúrbios do ciclo menstrual e infertilidade, especialmente porque interfere na fase de ovulação. “Sabemos que os distúrbios ovulatórios representam 25 a 50% de todas as causas de infertilidade em mulheres, e uma proporção significativa está direta ou indiretamente relacionada ao sobrepeso e à obesidade”, conta o médico. O aumento de peso corporal também está associado à anovulação, termo que define a ausência da ovulação. “Além disso, quando ocorre a gravidez, aumenta-se o risco de diabetes gestacional, pré-eclâmpsia (aumento da pressão arterial na gestação) e de parto prematuro, situações muito perigosas para a mãe e o bebê. A mulher que deseja engravidar, se apresentar alterações metabólicas como obesidade e resistência insulínica ou histórico familiar de diabetes, deve ser orientada quanto aos riscos do desenvolvimento de diabetes gestacional e encorajada a fazer mudanças imediatas no hábito alimentar, como a redução no consumo de açúcares, e praticar atividades físicas, para ajudar nas chances de concepção e na prevenção de doenças durante a gestação. Uma perda de 5 a 10% do peso já é suficiente para ajudar a regular o ciclo menstrual, restaurar a fertilidade e evitar os riscos na gravidez”, diz o médico.
Com relação aos homens, aqueles com 20kg a mais no peso corporal ideal são 10% mais propensos a ter infertilidade. “Quanto maior o índice de massa corporal de um homem, mais chances de a sua contagem de espermatozoides ser baixa, com pior qualidade do esperma e baixa motilidade. A própria gordura que fica entre as coxas esquenta os testículos, prejudicando a produção de espermatozoides”, destaca o Dr. Fernando Prado. O ideal é que o homem acima do peso adote novos hábitos de vida, diminuindo o peso corporal e praticando atividade física. “Com a atividade física, há maior produção de serotonina, hormônio do prazer, e maior controle dos níveis de cortisol, hormônio do estresse, que está ligado a dificuldades na concepção de um filho. O estresse aumenta o número de proteínas inflamatórias que prejudicam a qualidade do espermatozoide”, afirma o especialista.
Em todo caso, sempre que um casal perceber que não consegue engravidar após um ano de tentativas, o melhor é consultar um médico especialista. “O profissional poderá indicar mudanças de hábitos de vida e tratamentos para a fertilidade”, finaliza o Dr. Fernando.
Fonte: Dr. Fernando Prado – Médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. É diretor clínico da Neo Vita e coordenador médico da Embriológica. Doutor pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Imperial College London, de Londres – Reino Unido. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE). Instagram: @neovita.br / Youtube: Neo Vita – Reprodução Humana.