Faça da hora da refeição um momento de encontro e prazer.
A hora de comer deveria ser tão tranquila quanto a hora de dormir, visto ambas tratarem da satisfação de necessidades básicas.
Mas não é bem assim. Em muitos lares travam-se duras batalhas na tentativa de a criança comer, inventam-se comportamentos inadequados para ludibriá-la e, assim, comer mesmo sem vontade.
Logo ela aprende que é uma maneira de movimentar o ambiente doméstico a seu favor, chamando toda a atenção para si.
Uma mãe muito nova colocava a criança sentada no carrinho e dava voltas no quarteirão com o prato de comida numa das mãos. De vez em quando parava, alimentava seu filho e seguia pela calçada até que o prato estivesse vazio ou a paciência acabava, tanto dela quanto do pequeno.
Geralmente a necessidade de se criar estes comportamentos, têm relação com a ansiedade dos adultos próximos, que lidam com a criança e que se preocupam demasiadamente com seu estado de saúde, se está comendo o suficiente e sempre estão oferecendo alimento mesmo quando ela já está satisfeita. Outro motivo muito sério é quando a criança se encontra num ambiente familiar com desavenças comuns ou se desestruturando.
Como a criança passa por fases no seu desenvolvimento, os interesses mudam e ela começa a perceber mais o ambiente ao seu redor e, por ter conquistado mais habilidades, passa a exercer maior independência e poder de escolha do que deseja.
Se está na fase em que o crescimento é menor, não necessita da mesma energia e alimento, o que também é motivo para sentir menos apetite.
Desta forma, o pediatra deve estar sempre bem informado, pois só ele poderá orientar a família sobre os procedimentos a tomar e se haverá necessidade ou não de ministrar medicamento para estimular o apetite infantil.
De modo geral e, como qualquer pessoa, a criança também apresenta variações de apetite. Numa refeição come bem e em outra nem tanto. Nada disso prejudica seu desenvolvimento, pois uma refeição pode compensar a ausência de nutrientes de outra.
Os pais ou a pessoa cuidadora não deve oferecer alimento fora de hora ou petiscos como bolachas, biscoitos, doces em geral ou guloseimas, enfim, para substituir a refeição principal.
Precisa ser lembrado que há alimentos que a criança não suporta mesmo e que devem ser evitados por um tempo. Substituí-los por outro do mesmo grupo nutricional ou prepará-los de outros jeitos, é uma maneira de tentar novamente, sem insistência, se a criança continuar a recusá-los.
Desde muito cedo, é importante ensinar a criança a importância do alimento para seu desenvolvimento saudável. Os pais ou adultos responsáveis funcionam como modelo de comportamento a seguir, portanto cuidado ao comentar na frente da criança sua aversão, pois ela está sempre atenta às manifestações para poder imitá-las no momento adequado.
Não usem do alimento como meio de premiar ou castigar, do tipo dar doces para recompensá-la, pois poderia acabar sentindo raiva do alimento que foi motivo de castigo.
Outra medida é não encher o prato da criança. É muito melhor colocar um pouco de cada grupo nutricional e esperar que solicite mais. Variem a comida e, de preferência, faça um prato colorido quando possível. Se enche os olhos de prazer é mais fácil desejar provar.
Obviamente que para se formar hábitos alimentares saudáveis, há de se colocar limites e horários. Mas, também, ser flexível em datas especiais, fins de semana, esclarecendo sempre o motivo pelo qual alguns alimentos serão tolerados e aceitos, para que depois possa retornar à rotina, sem grandes percalços.
Se longe dos pais ou em ambiente diferente como restaurante, escola, casa de parentes e amigos, ela se alimentar adequadamente, deve ser averiguado o que está causando a ausência ou diminuição de apetite em casa.
O horário das refeições deveria ser mais um motivo de encontro familiar, de confraternização, pelo fato da família estar reunida, desfrutando a companhia um do outro. Pelo menos uma refeição deveria ser assim. Normalmente é o jantar, quando todos já retornaram ao lar.