A blefarite, inflamação crônica das pálpebras, é uma doença oftalmológica que pode afetar de 30 a 50% dos adultos.
Um estudo apontou que em 30% dos casos de blefarite há presença de uma verdadeira infestação de ácaros Demodex.
O mesmo estudo apontou que um dos sintomas que ajudam a diferenciar os casos de blefarite em que há presença dos ácaros Demodex e os que não têm é a coceira.
Cerca de metade dos pacientes relatou a presença desse sintoma com muita frequência, sendo uma das três manifestações mais incômodas da doença, segundo o grupo que possuía blefarite.
Diagnóstico pode demorar
Segundo Dra. Tatiana Nahas, oftalmologista geral e especialista em cirurgia plástica ocular, o diagnóstico da blefarite por Demodex depende de um exame mais apurado.
“Apesar da alta prevalência, os pacientes com a doença podem não ser diagnosticados ou diagnosticados erroneamente por anos. Isso porque os sintomas da blefarite são similares aos da síndrome do olho seco e de outras doenças da superfície ocular”.
“Um dos sinais mais típicos, que é possível detectar no exame com a lâmpada de fenda, é a presença de crostas na base dos cílios que lembram “caspas” semelhantes às encontradas no couro cabeludo. Esse achado é típico dos casos de blefarite com presença do Demodex”, afirma a médica.
O que são ácaros Demodex e por que estão presentes na blefarite?
Poucas pessoas sabem, mas os ácaros são animais que fazem parte do grupo dos aracnídeos, sendo os menores existentes nesse grupamento. Por isso, os Demodex só podem ser vistos em microscópio. Mas apesar de serem invisíveis ao olho nu, podem causar problemas sérios de saúde.
Há duas espécies que habitam as pálpebras: o Demodex folliculorum e o Demodex brevis. Em geral, a infestação do D. folliculorum ocorre na base dos cílios e do D. brevis nas glândulas meibomianas. Portanto, os Demodex estão ligados tanto à blefarite quanto à meibomite.
Ácaros Demodex e blefarite: quais os sintomas?
“Todos nós convivemos com os Demodex, mesmo sem saber. O problema é que em algumas pessoas esses micro-organismos se proliferam sem controle e é esse crescimento anormal que impacta no funcionamento das glândulas sebáceas das pálpebras”, explica Dra. Tatiana.
Quando os Demodex se instalam nas pálpebras e nas glândulas de Meibômio eles se alimentam do sebo e demais células de descamação da pele. Quando esses micro-organismos morrem, eles liberam substâncias que podem piorar a inflamação.
“Além disso, quando esses ácaros se instalam nos cílios causam diversas alterações na pele e obstruem os ductos sebáceos das pálpebras. A partir disso, o processo inflamatório ocorre com uma defesa do organismo contra a infestação desses seres”, comenta a especialista.
Coceira é principal sintoma da blefarite por ácaros Demodex
Os sintomas da blefarite e da meibomite são parecidos. É importante reforçar que na presença dos ácaros Demodex, o que mais chama a atenção é coceira, que costuma ser intensa e formação das crostas na base dos cílios.
Veja a lista dos sintomas mais comuns
- Coceira nas pálpebras
- Formação de crostas na base dos cílios
- Olhos grudados e com muita secreção, especialmente pela manhã
- Inchaço palpebral
- Vermelhidão palpebral e na conjuntiva
- Sensibilidade à luz
- Ardência
- Perda de cílios
- Secura ocular
- Sensação de areia nos olhos
Como acabar com os ácaros Demodex na blefarite
Um dos principais problemas da blefarite é que os tratamentos convencionais não são eficazes para reduzir os sintomas e controlar as crises da doença, especialmente quando há proliferação dos ácaros Demodex.
Um estudo recente, publicado em janeiro de 2023, apontou que a luz intensa pulsada, uma tecnologia relativamente nova, é efetiva no tratamento da blefarite causada pelos ácaros Demodex.
Luz pulsada combate inflamação causada pelos Demodex
“A energia luminosa da luz pulsada é transformada em energia térmica. Esse calor atua diretamente na redução dos ácaros, dos fatores inflamatórios e na desobstrução das glândulas sebáceas das pálpebras. Há casos em que a terapia pode ser combinada com medicamentos tópicos ou orais. Recomenda-se aos pacientes realizar a higiene palpebral todos os dias, especialmente pela manhã e antes de dormir”, finaliza Dra. Tatiana.
Fonte: Dra. Tatiana Nahas, oftalmologista geral e especialista em cirurgia plástica ocular.