Otorrino pediátrica detalha indicações, cuidados e melhores práticas para o uso de nebulizadores em crianças
O inverno chegou, as crianças brasileiras já começam a apresentar resfriados, gripes e quadros alérgicos típicos desta época do ano. Muitas vezes, o melhor caminho para aliviar os pequenos é através da nebulização, método que a Dra. Roberta Pilla, médica otorrinolaringologista pediátrica da ABORL-CCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial), explica a seguir.
“A nebulização consiste em receber uma solução – soro ou medicamento – por meio da inalação do vapor gerado pelo nebulizador. Esse equipamento faz com que soluções se transformem em uma nuvem de partículas muito finas, chamadas aerossóis, que são inalados diretamente para o interior dos pulmões através de uma máscara”, resume a especialista, acrescentando tratar-se de um meio muito eficaz e seguro para tratar alguns distúrbios respiratórios.
Dentre as questões respiratórias para as quais Dra. Roberta recomenda a nebulização estão os problemas de vias aéreas que incluem quadros inflamatórios e infecciosos, como asma, traqueíte, bronquite e bronquiolite, bronquiectasia, fibrose cística e pneumonia. “Já os processos de via aérea superior, como laringite, faringite e rinite podem ter indicação em quadros específicos”, afirma.
Além de ser uma via de administração de medicamentos, o processo de nebulização, segundo a otorrino, favorece o alívio do paciente, já que esses quadros respiratórios incomodam tanto, principalmente as crianças. Assim, a nebulização também umidifica a via aérea, deixa as secreções mais fluidas, gerando mais conforto.
Quais os tipos de nebulizadores disponíveis?
Dra. Roberta Pilla informa que há 3 tipos principais de nebulizadores: ultrassônico, de ar comprimido e rede vibratória. Considerando o uso domiciliar, a especialista recomenda preferir o nebulizador de rede vibratória, por ser mais prático e funcional. “Este modelo proporciona o conforto de realizar a inalação em qualquer lugar e sem sobra de resíduo. Os modelos são portáteis, silenciosos, leves e de fácil transporte, além de serem indicados para nebulização de soluções e suspensões”, opina.
Como fazer a nebulização em crianças de forma correta?
A otorrino pediatra recomenda como primeira medida fundamental que a criança seja apresentada ao método. “Importante sempre apresentar e explicar o que será feito para a criança. Mostre o funcionamento de forma lúdica, para tentar evitar qualquer dificuldade no momento da nebulização”, aconselha.
Em relação ao uso do nebulizador, Dra. Roberta orienta que se prepare o dispositivo previamente, com o soro fisiológico ou outra medicação prescrita pelo médico. “Depois disso, ligue o aparelho e posicione a máscara cobrindo o nariz e a boca, de maneira que a criança respire o ar da névoa produzida e mantenha respirações normais até o término da névoa”, explica.
A posição ideal da criança é sentada, segundo a Dra. Roberta, aproveitando para também realizar uma manobra nas costas, a fim de ajudar na mobilização da secreção. “Para isso, use a mão em forma de concha, para dar leves batidinhas nas costas da criança”, detalha. Caso não seja possível que a criança permaneça sentada, a médica avisa que pode-se fazer o processo na posição deitada, dormindo, com a máscara bem próxima ao rosto. “Quando ela estiver dormindo, basta aproximar o inalador do nariz, mantendo durante o período necessário bem próximo à face, sem grandes áreas de escape”, aconselha.
Prescrição médica e outros cuidados
Dra. Roberta enfatiza que a avaliação e a indicação da nebulização devem ser sempre recomendadas por um médico. “Uma vez que a prescrição tenha origem profissional, o processo é seguro e eficaz”, assinala a otorrino. Caso não haja orientação para uso de medicamentos no nebulizador, Dra. Roberta ensina que deve-se usar apenas soro fisiológico (0,9%) estéril, prestando atenção na conservação desse líquido, que não deve ser estocado por longos períodos. Ela acrescenta como dica final a importância de sempre manter a higienização do nebulizador após cada uso, esvaziando o líquido restante, e depois limpar e secar o aparelho, o reservatório e a máscara
Fonte: Dra. Roberta Pilla – Otorrinolaringologia Geral Adulto e Infantil – Laringologia e Voz – Distúrbios da Deglutição – Via Aérea Pediátrica – Médica Graduada pela PUCRS- Porto Alegre/ Rio Grande do Sul (2003) – Pesquisa Laboratorial em Cirurgia Cardíaca na Universidade da Pensilvania – Philadelphia/USA (2004)- Título de Especialista em Otorrinolaringologia pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (2009).