Janeiro Branco é uma campanha anual que chama a atenção de todos para as questões e necessidades relacionadas à saúde mental e emocional das pessoas.
Quem comenta é A médica psiquiatra Dra. Jéssica Martani, especialista em comportamento humano e saúde mental.
Existem estados depressivos onde o humor fica evidentemente alterado, com predomínio de sentimentos e emoções do campo da tristeza mas a verdade é que a maioria das depressões não fica estampada no rosto, não faz a pessoa parar de trabalhar, não faz a pessoa ficar de cama sem tomar banho e sem comer por meses”, fala a médica acrescentando que “a maioria das depressões pode ser facilmente escondida por uma máscara de “bom humor”, de “pessoa para cima”, de “pessoa super animada e extrovertida”.
E esse tipo de “depressão sem depressão” já havia sido descrita há pelo menos 100 anos atrás quando psiquiatras descreveram que não havia tristeza evidente, choro, pessimismo ou desesperança, mas predominava um estado de mal-estar constante, de perda do brilho nos olhos, perda importante do prazer, perda da energia prévia que podem ficar disfarçados por uma atitude de aparente alegria. São depressivos aparentemente alegres e até depressivos que em alguns momentos ficam excessivamente energizados e dinâmicos, às vezes até exagerados no que falam e no que compram ou fazem, isto é, depressivos aparentemente “normais”.
Dizer que uma pessoa que se mata, que está em evidente sofrimento, que já está culpada no último grau por um estado cerebral que enviesa seus pensamentos e sua visão para este estado, porque na verdade é “egoísta e prepotente” é julgar quem está sofrendo da forma mais sórdida e impiedosa. Mas, muito dessa postura vem do desconhecimento sobre estes estados depressivos.
“Estes casos são vítimas do próprio conceito que a mídia e nós mesmos temos disseminamos sobre depressão, de que “depressão é quem está triste e arrependido chorando e pedindo ajuda”, fazendo com que estes depressivos bipolares, com depressões de fraca expressão ou com depressões com rápida melhora do humor mas com franca impulsividade olhem para si mesmos e pensem “estou assim mas não é depressão, meu sofrimento é genuíno” e até quem convive com a pessoa nestes estados também não identificam o que está ocorrendo”, explica a psiquiatra que conta ainda que em casos graves eles têm a deturpação da realidade, com a falsa crença de que realmente devem morrer, de que a morte é a solução
Fonte: Dra. Jéssica Martan – Médica psiquiatra, observership em neurociências pela Universidade de Columbia em Nova Iorque — EUA, graduada pela Universidade Cidade de São Paulo com residência médica em psiquiatria pela Secretaria Municipal de São Paulo e pós graduação em psiquiatria pelo Instituto Superior de Medicina e em endocrinologia pela CEMBRAP. CRM 163249/ RQE 86127