Estima-se que no Brasil, todos os anos, cerca de um milhão de pessoas são vítimas de queimaduras
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De acordo com os dados do Ministério da Saúde, 77% dos casos acontecem em ambientes domésticos – sendo crianças e idosos os mais vulneráveis. As hospitalizações também são frequentes, com registro de 150 mil internações anuais causadas por lesões capazes de afetar a pele, músculos, tendões e ossos. Os acidentes com queimaduras costumam ocorrer em diversos contextos, a começar por situações rotineiras como cozinhar, acender churrasqueira e passar roupa. Com a chegada de junho, mês marcado pelas tradicionais festas juninas, cresce ainda a preocupação diante dos episódios gerados pela utilização de fogos de artifício e fogueiras. Diante disso, a Rede Mater Dei, alerta sobre os riscos de queimaduras e como tratá-las
Esses números revelam a importância da campanha que visa trazer à tona os riscos e prevenir ocorrências que geralmente são motivadas pelo contato com agentes inflamáveis (álcool, gasolina, etanol, querosene, diesel) e líquidos quentes, choques elétricos e fogo. “Durante os festejos existe uma maior concentração de fogueiras e pessoas consumindo bebidas alcoólicas nas proximidades. Isso aumenta as chances de acidente, principalmente nas festas de interior. Na maioria das vezes, são eventos que ocorrem por algum tipo de negligência no manuseio de fogos de artifício, o que pode ocasionar mutilações por explosão. Há também descuidos perto das fogueiras, levando a graves queimaduras”, comenta Carlos Briglia, Coordenador da Área de Cirurgia Plástica da Rede Mater Dei.
Acidente com forno a gás
Segundo o coordenador, em 90% dos casos assistidos pelo Hospital Mater Dei Salvador, as queimaduras acontecem em casa. Ao longo dos anos, a equipe tem tratado de problemas ocorridos devido à explosão após vazamento de botijão de gás de cozinha, derramamento de líquidos no corpo, como água e café, além de lesões decorrentes do acendimento de churrasqueiras com álcool líquido ou em gel.
Joseane Oliveira foi uma das pacientes que se acidentaram com a explosão de um forno de embutir a gás. Em fevereiro deste ano, ela sofreu queimadura de segundo grau em 30% do corpo, ficando um mês internada no Hospital Mater Dei Salvador. “O atendimento foi fundamental para minha recuperação, pois tive o acompanhamento de especialistas e fui submetida ao tratamento com remoção de tecido morto (desbridamento) e curativo especial sob anestesia”, conta.
Por causa da profundidade, ainda apresenta manchas na pele e segue o tratamento com fisioterapeuta dermatofuncional e dermatologista. Apesar da sequela, tem conseguido voltar à rotina e aproveita para fazer um alerta: “Todo cuidado é pouco. Sempre verifique as condições dos seus equipamentos de cozinha e, no caso do forno, dê a manutenção adequada para evitar vazamento de gás”.
Tratamentos iniciais e especializados
Em lesões cutâneas causadas por agentes externos como a combustão de pólvora dos fogos de artifícios, o cirurgião plástico explica que o trauma pode ser superficial ou profundo. A depender do tipo, orienta lavar o local com água corrente fria, sem jatos fortes, e cobrir com um curativo ou pano limpo. “O tratamento inicial deve ser apenas a limpeza e proteção do ferimento. Compressas frias e úmidas também podem ajudar. Qualquer outra abordagem fora de uma unidade de atendimento, principalmente os caseiros, pode dificultar a recuperação e até aprofundar uma lesão que seria de fácil cicatrização”, adverte.
Assim como as queimaduras de terceiro grau, que afeta todas as camadas da pele e possui aspecto esbranquiçado, as que resultam de choques elétricos também demandam a ida imediata ao hospital. Isso porque envolve fraturas ou retração de membros, amputações associadas e até a carbonização de diferentes partes do corpo. “A queimadura de alta voltagem é extremamente cruel. Já na de baixa voltagem, mesmo com a tendência de uma lesão pequena, o maior risco é a arritmia cardíaca. Como a corrente pode acarretar problemas mais sérios no coração, o indicado é que o paciente faça o exame de eletrocardiograma logo depois”, diz Briglia.
Independentemente da localização, extensão, profundidade e causas, caso necessite de socorro, o indivíduo deve procurar um serviço de saúde.
Fonte: Carlos Briglia, Coordenador da Área de Cirurgia Plástica da Rede Mater Dei – Uma rede de saúde completa, com 43 anos de vida.