Meu bebê está chiando, e agora? Ele tem asma? Bronquite? Estas são perguntas frequentes feita pelos pais frente ao primeiro episódio de sibilância (chiado) do seu filho. Mas o que realmente acontece?
Crianças menores de 2 a 3 anos de idade que apresentam quadro de sibilância contínua há pelo menos 1 mês ou no mínimo, 3 episódios de chiado em um período de 2 meses, são denominados Lactentes Chiadores. Nesta idade, o chiado, na maioria das vezes é transitório e não apresenta risco maior para o desenvolvimento de asma no futuro. Metade das crianças que sibilam no início da vida deixam de fazê-lo aos 6 anos de idade sendo considerados sibilantes transitórios. Nessas crianças, o chiado tem relação com a redução do calibre das vias aéreas, infecções virais, tabagismo ( fumantes passivos) e fatores genéticos, principalmente.
A prevalência, as características clínicas e os fatores associados à sibilância ainda não estão bem estabelecidos nas crianças em idade pré-escolar. Sabe-se no entanto que alguns fatores como filhos de mães asmáticas e também mães tabagistas durante a gestação, apresentam risco maior de desenvolver sibilância e asma. Estudos mostram também risco elevado de sibilância nos primeiros anos de vida nas crianças do sexo masculino, crianças que frequentam creche/escolinha, que são expostas a fumaça de cigarro como já relatado anteriormente, e crianças expostas à alérgenos no ar ambiente.
É necessário uma avaliação inicial com boa anamnese (entrevista feita pelo médico para pesquisar possíveis fatores que podem ter levado aos sintomas apresentados) para excluir as principais causas de sibilância em lactentes – refluxo gastro-esofágico, infecções virais, asma, aspiração de corpo estranho, fumantes passivos, imunodeficiências, sequelas neonatais, outras doenças pulmonares como tuberculose e fibrose cística, parasitoses e mal formações do trato respiratório.
O diagnóstico de asma nesta idade é muito difícil e se faz baseado na presença de alguns critérios: dermatite atópica, pai ou mãe com asma (são critérios maiores) e sibilância na ausência de resfriado, rinite alérgica e eosinofilia (são critérios menores). A presença de um critério maior ou dois menores auxiliam no diagnóstico.
O tratamento da sibilância em lactentes é ainda muito discutido e controverso mas basea-se principalmente na redução da inflamação das vias aéreas, prevenção das exacerbações (tosse, catarro, falta de ar), melhora da qualidade de vida e utilização de medicações sem ou com mínimo de efeito colaterais. Cada caso deverá ser avaliado individualmente e é fundamental a orientação da higiene do ambiente físico. Deve-se deixar a casa bem ventilada e passar pano úmido diariamente, retirar tapetes e carpetes, evitar animais dentro de casa, retirar bichos de pelúcia do ambiente, evitar odores fortes e afastar a criança da inalação de fumaça de cigarro.