A boa alimentação não é instintiva, é aprendida através do hábito alimentar até os 3 anos de idade
A partir do primeiro ano de vida, a alimentação da criança deve ser igual ao da família, evitando condimentos fortes. As preferências alimentares são determinantes na escolha dos alimentos, e é fato que existe uma preferência nata pelo sabor doce e uma rejeição pelo sabor amargo e azedo, mas é preciso que se ofereça repetidas vezes o mesmo alimento, de diversas formas de preparo, pois as crianças estão em um processo de aprendizagem.
As crianças nesta fase, caracteristicamente, apresentam o que costumamos chamar deneofobia, isto é, a relutância em consumir novos alimentos na primeira oferta. Este é um dos momentos em que as mães fazem o maior número de consultas porque os seus filhos “não comem”.
Existem várias causas de inapetência, como a dificuldade de reconhecimento de paladar, maior interesse pelo meio ambiente, chantagens diante de recusas, entre outras. A inapetência costuma coincidir com o fato de que frente a ansiedade para que a criança se alimente, a mãe oferece substitutos de baixo valor nutritivo (alimentos adocicados e de fácil digestão). Desta forma, a criança associa que, se ela não comer, obterá o que deseja. Esta rejeição inicial é uma resposta normal, pois reflete um processo adaptativo.
Com a correria do dia a dia, montar uma lancheira saudável pode ser uma tarefa difícil. Salgadinhos, bolos industrializados e sucos de caixinha, entre outras guloseimas, podem ser a resposta fácil, mas normalmente estes produtos são ricos em açúcar, sal e gordura saturada.
Preocupada com esta questão alimentar, a nutricionista do Ponto Omega, Michele Cristina Ferreira, auxilia os pais nesta tarefa difícil fornecendo às crianças lanches saudáveis, balanceados, variados e feitos na própria escola, sem conservantes, sem excesso de açúcares e sal. Os sucos são naturais, preparados no momento de consumo e sem adição de açúcar para que as crianças experimentem e aprendam diversos sabores. É importante ressaltar que os sucos naturais devem ser consumidos em, no máximo, 30 minutos depois de serem preparados, para que não percam suas propriedades nutritivas.
Um lanche saudável deve conter uma fonte de carboidratos, uma de proteínas, vitaminas e minerais, além de uma bebida, pois os líquidos são importantes para a hidratação.
Para que isso aconteça, seguem algumas regrinhas importantes ao ofertar os alimentos para as crianças desta faixa etária:
- Respeitar a variação normal do apetite;
- Estabelecer horários de refeições (intervalo de 2 a 3 horas entre a ingestão de alimentos e a refeição principal);
- Diversificar alimentos e formas de preparo, apresentando os pratos de maneira agradável com textura própria para a idade;
- Evitar alimentos de alta densidade energética (excesso de frituras, gorduras) para que na próxima refeição a criança não fique tão seletiva comprometendo a qualidade da dieta;
- Servir pequenas porções e repetir quando necessário, assim encoraja a criança a comer;
- Não utilizar subterfúgios como o famoso “aviãozinho”, pois desviam a atenção e comprometem a percepção dos alimentos;
- Não oferecer sobremesa como recompensa;
- Propor que a criança tenha autonomia em relação aos alimentos oferecidos;
- Fracionar a dieta;
- Não demonstrar irritação ou ansiedade no momento da recusa da refeição principal, não substituir por leite;
- Oferecer sempre verduras e legumes mesmo que a criança não aceite, não comentar caso os mesmos sobrem no prato;
- Não oferecer líquido com as refeições, os sucos são ofertados após as refeições;
- Não utilizar guloseimas como recompensas ou castigos;
- Incentivar a participação da criança na montagem do prato ou no preparo de alimentos faz parte da grade de atividades da escola Oficinas Culinárias, onde as crianças aprendem a fazer os preparos que são servidos na escola.
A preocupação com a qualidade e quantidade da alimentação oferecida às crianças está ligada ao fato de termos maior acesso a escolhas “erradas”, por serem mais “práticas”, como por exemplo, fast foods, pizzas, salgadinhos etc. A vida sedentária das crianças (televisão, computador) associada ao aumento da ingestão calórica, refletirá diretamente no crescimento e desenvolvimento, além de um ganho excessivo de peso.
Portanto, a orientação é diminuir a ingestão de gorduras saturadas e colesterol que encontramos nas frituras, milanesas, maionese, creme de leite, manteiga, chocolates, substituindo-as por gorduras mais saudáveis (poliinsaturados) dando preferência às carnes magras; remover gorduras de carnes gordurosas antes de prepará-las; usar óleos vegetais no preparo das refeições e azeite para temperos e saladas; dar preferência às frutas como sobremesa; evitar refrigerantes, bolachas e biscoitos principalmente os recheados; evitar petiscos antes das refeições; dar preferência a alimentos integrais e/ou rico em fibras. É importante salientar que não existe alimento proibido, o que se tem, são apenas limites e recomendações.
A escola é uma janela de oportunidades onde tudo que a criança vê vai aprender.