Especialistas da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE) explicam sintomas, diagnóstico e tratamento da doença
Fevereiro é o mês de conscientização sobre leucemias, cânceres que se originam na medula óssea e afetam outros órgãos, como baço, fígado, sistema nervoso central, os gânglios linfáticos e, no caso dos meninos, os testículos. As leucemias podem ser consideradas o tipo de câncer mais frequente da infância, demandando o cuidado de familiares sobre os sintomas e o acompanhamento médico para o diagnóstico precoce e o tratamento adequado.
Segundo o Dr. Neviçolino Pereira de Carvalho Filho, oncopediatra e presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE), são sinais e sintomas de leucemia entre crianças e adolescentes: palidez, fadiga, febre, dor nos ossos e nas articulações, manchas roxas (hematomas), sangramentos espontâneos, o aparecimento de ínguas, dor abdominal, dor de cabeça, vômitos, falta de apetite contínua, perda de peso e aumento de volume dos testículos entre os meninos.
“Como esses sinais e sintomas são semelhantes aos de outras doenças, os familiares devem prestar atenção e procurar a ajuda de um médico pediatra, o qual deve suspeitar do diagnóstico e encaminhar o caso com rapidez a um onco-hematologista em centro de referência para o diagnóstico preciso e início do tratamento”, complementa Carvalho Filho. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) indicam que são estimados 3 a 4 casos para cada 100 mil pessoas com até 15 anos de idade por ano no Brasil, com maior incidência na faixa de 2 a 5 anos.
Entre os subtipos de leucemia estão a Leucemia Linfocítica Aguda (LLA), que é mais comum na infância (75% dos casos), mas que se diagnosticada precocemente e tratada de maneira adequada apresenta uma sobrevida superior a 80%; a Leucemia Mieloide Aguda (LMA), representando aproximadamente 20% dos casos; e, mais raramente, a Leucemia Mieloide Crônica (LMC), somando cerca de 5% dos casos. Outro subtipo ainda mais raro é a Leucemia Mielomonocítica Juvenil (LMMJ).
A médica Ana Luiza de Melo Rodrigues, oncopediatra e membro da SOBOPE, explica que a leucemia pode surgir sem fator predisponente ou aparecer de forma secundária, após um tratamento prévio com quimioterapia, e ainda pelo contato com substâncias tóxicas à medula óssea, como os agrotóxicos e o benzeno. “Além disso, crianças com algumas condições genéticas, como a Síndrome de Down, têm maior chance de desenvolver a doença”, complementa.
Diagnóstico e tratamento – Ana Luiza esclarece que o primeiro passo para o diagnóstico da leucemia entre crianças e jovens é a realização de anamnese e exame físico dos pacientes. Na sequência, é solicitado um hemograma completo, fundamental para o diagnóstico, que, então, será confirmado com exame do aspirado de sangue da medula óssea (mielograma), Posteriormente, mais detalhado por exames específicos (imunofenotipagem e exames citogenéticos e moleculares).
Ao ser diagnosticada a leucemia, é iniciado o tratamento, que segue protocolo específico de acordo com o subtipo da doença. Pode ser indicada a quimioterapia, a imunoterapia e até mesmo o Transplante de Medula Óssea (TMO). A radioterapia é utilizada especificamente para tratamento dos casos que envolvem o sistema nervoso central ou testículos, conforme protocolo. “Para pacientes com LMA de maior risco ou que apresentaram recidiva, é recomendado o TMO. Recentemente, também foram desenvolvidos medicamentos chamados de terapia-alvo, que agem em moléculas específicas das células tumorais”, explica a especialista.
Para o médico oncopediatra e presidente da SOBOPE, o fevereiro laranja traz a conscientização para a importância da divulgação dos sinais e sintomas e do tratamento em centros especializados por equipe multiprofissional treinada. “É preciso uma força tarefa de médicos, outros profissionais de saúde e familiares para que as crianças e adolescentes com leucemia consigam ser assistidos com agilidade e da melhor maneira possível, a fim de que as possamos ofertar as melhores chances de cura”, conclui
Fonte: SOBOPE tem como objetivo disseminar o conhecimento referente ao câncer infantojuvenil e seu tratamento para todas as regiões do País e uniformizar métodos de diagnóstico e tratamento. Atua no desenvolvimento e divulgação de protocolos terapêuticos e na representação dos oncologistas pediátricos brasileiros junto aos órgãos governamentais.
Dr. Neviçolino Pereira de Carvalho Filho, oncopediatra e presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Dra. Ana Luiza de Melo Rodrigues, Pediátrica – oncopediatra e membro da SOBOPE