Entenda o que é a condição que pode ser fatal
Nesta quarta-feira (22), o Hospital Santa Joana, em São Paulo, divulgou um boletim médico sobre o estado de saúde da cantora Lexa, que está internada devido a um quadro de pré-eclâmpsia. Grávida, Lexa está estável, segundo o hospital, mas a internação é necessária para acompanhamento do estado clínico da cantora e do desenvolvimento do bebê. “Afetando de 5 a 10% das gestantes, a pré-eclâmpsia é uma condição caracterizada pelo aumento da pressão arterial após a 20º semana e acompanhadada de proteinúria ou sinais clínicos/laboratoriais de lesão de órgãos. Quando há apenas aumento pressórico, chamamos de hipertensão gestacional”, explica o ginecologista e obstetra Dr. Nélio Veiga Junior, Mestre e Doutor em Tocoginecologia pela UNICAMP. “E a prê-eclâmpsia deve ser monitorada de perto, pois, em casos graves, a condição pode prejudicar o desenvolvimento adequado da criança e a saúde da mãe, com complicações maternas, como acidente vascular cerebral (AVC), parto prematuro e até ser fatal, sendo que as síndromes hipertensivas são a principal causa de morte materna no Brasil.”
A causa exata da pré-eclâmpsia não é conhecida, mas, de acordo com o médico, acredita-se que esteja relacionada com uma falha no desenvolvimento dos vasos sanguíneos da placenta, por uma ativação inflamatória que afeta todo o organismo materno. “Sabemos também que a pré-eclâmpsia está diretamente relacionada a fatores como histórico pessoal ou familiar de hipertensão ou pré-eclâmpsia, idade acima dos 35 anos, gestação decorrente de reprodução assistida (fertilização in vitro), obesidade, diabetes e gestação gemelar”, destaca o ginecologista. Dada a gravidade da doença em estágios mais avançados, conhecido como eclâmpsia, é importante que gestantes que apresentam esse fatores de risco fiquem atentas aos sintomas da condição, que, muitas vezes, surgem de maneira repentina. “Sintomas da pré-eclâmpsia incluem inchaço, principalmente das pernas, dor de cabeça severa, alterações visuais, como surgimento de pontos brilhantes e visão turva, dores abdominais, especialmente na região do estômago”, acrescenta o Dr. Nélio, que diz que, em casos graves, a doença ainda causa convulsões, insuficiência cardíaca e renal.
Dada a gravidade da pré-eclâmpsia, ao notar tais sintomas, é importante buscar atendimento médico o mais rápido possível para receber o diagnóstico e tratamento adequado, assim evitando complicações tanto para a mãe quanto para o bebê. “O diagnóstico é realizado por meio da medição da pressão arterial, observação dos sintomas, avaliação do histórico clínico e familiar da paciente e realização de exames laboratoriais, tanto de sangue quanto de urina, para verificar a presença de proteína”, detalha o obstetra. Mas o médico alerta que, muitas vezes, a pressão alta na gravidez é assintomática e passa de maneira despercebida. “Por esse motivo é tão importante que o acompanhamento pré-natal seja realizado da maneira correta, com consultas e exames regulares.”
Com base no diagnóstico e na gravidade do quadro, o médico poderá recomendar o tratamento mais adequado para cada caso. “Em casos mais leves, por exemplo, apenas a adoção de um estilo de vida mais saudável, principalmente com relação à alimentação, controle do peso e atividade física regular. Além disso, o uso do ácido acetilsalicílico (AAS) e suplementação de cálcio são recomendados para reduzir os riscos de desenvolver pré-eclâmpsia. Já nos casos mais graves, o tratamento geralmente é feito no hospital, com o uso de medicamentos para reduzir a pressão arterial e controlar o risco de convulsões”, afirma o especialista. Mas é importante lembrar que a única solução definitiva para a pré-eclâmpsia é o parto. “Por isso, o acompanhamento é tão importante para controle da condição. Dependendo da idade gestacional do bebê e da gravidade do quadro, o médico também pode recomendar a antecipação do parto ou até mesmo interrupção da gravidez”, finaliza o Dr. Nélio Veiga Junior.
Fonte: DR. NÉLIO VEIGA JUNIOR – Médico ginecologista e obstetra, Mestre e Doutor em Tocoginecologia pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM/UNICAMP). Atua em consultório privado e já foi médico preceptor no curso de Medicina da UNICAMP e médico pesquisador no Centro de Pesquisa em Saúde Reprodutiva de Campinas. Participa periodicamente de congressos, eventos e simpósios, além de ser autor de diversos artigos científicos publicados em revistas nacionais e internacionais. CRM 162641 | RQE 87396 | Instagram: @neliojuniorgo