Reumatologista explica como proceder e quais os cuidados que a mulher com Lúpus deve ter ao engravidar ou ao desejar ter um filho biologicamente
No mês da conscientização sobre a prevenção e os cuidados da LES – Lúpus Eritematoso Sistêmico, doença inflamatória autoimune que pode afetar múltiplos órgãos e tecidos, como pele, articulações, rins e cérebro acomete 5 milhões de pessoas em todo mundo, sendo que 90% são mulheres em idade entre 24 e 45 anos, ou seja, no período fértil.
Com tantas mulheres que possuem Lúpus em idade fértil, a gravidez é uma preocupação comum entre elas e seus parceiros. A doença em si geralmente não afeta a fertilidade, permitindo que a maioria engravide. Contudo, algumas medicações que fazem parte do tratamento podem reduzir a chance de engravidar ou até mesmo induzir à menopausa precoce. E, por isso, é importante discutir os planos de gravidez com o médico.
Segundo a reumatologista, Fernanda Lopes, da clínica EVCITI do grupo CITA (Centros Integrados de Terapias Assistidas), o primeiro passo essencial é o planejamento da concepção, que envolve uma decisão conjunta com o médico sobre o momento ideal para engravidar. “Essa determinação depende do estado geral de saúde, como está o controle do Lúpus e quais os medicamentos que a mulher está fazendo uso. Idealmente, o melhor momento para engravidar é quando o Lúpus está em um estado de remissão (ou seja, adormecido ou inativo) por pelo menos seis meses”, explica a reumatologista.
A gestação em pacientes com Lúpus é considerada de alto risco, porque existe maior chance de apresentar algumas complicações, como abortamentos, baixo peso e parto prematuro. Para que os riscos sejam reduzidos, deve ser feito um acompanhamento rigoroso, tanto com o reumatologista como com o obstetra especialista em gestação de alto risco. Deste modo, é possível ter uma gestação sem complicações, desde que haja planejamento – com orientação médica e adoção de certos cuidados. E, claro adotar hábitos saudáveis como evitar o consumo de bebidas alcoólicas, interromper o uso de cigarros, usar proteção solar e praticar exercícios físicos, quando não existir contraindicação.
Para manter uma gestação tranquila, a reumatologista alerta para alguns sinais que se deve prestar atenção e procurar uma avalição médica imediatamente; aumento nos sintomas típicos do Lúpus como dor nas articulações, erupções cutâneas, presença de sangue ou espuma na urina, aumento de pressão arterial e redução dos movimentos fetais.
É importante também ficar muito atento ao bebê e alguns riscos específicos como parto prematuro, restrição de crescimento fetal e baixo peso ao nascer. Para minimizar esses riscos, é fundamental seguir as orientações médicas, realizar todos os exames pré-natais recomendados e manter um acompanhamento médico próximo e envolver ajustes na medicação da mãe.
Existe também uma condição rara chamada lúpus neonatal e estima-se que afete cerca de 2% dos filhos de gestantes com o Lúpus que tem o autoanticorpo positivo, “acontece em alguns bebês de mães com lúpus que tem anticorpos anti-Ro positivos que passam da mãe para o feto através da placenta. Os sintomas mais frequentes são manchas temporárias na pele do bebê, que geralmente somem com 6 meses, enquanto sintomas mais raros (porém mais graves) incluem arritmias cardíacas”, explica dra. Fernanda Lopes. “mas, com o tratamento adequado, muitas complicações podem ser evitadas e algumas alterações cardíacas no bebê, por exemplo, podem ser tratadas antes mesmo do nascimento, aumentando a qualidade de vida da criança após o nascimento”, diz a reumatologista
Fonte: Dra Fernanda Lopes é reumatologista da Clínica EVCITI pertencente ao Grupo CITA (Centros Integrados de Terapia Assistida), referência em tratamentos de doenças autoimunes no Brasil. Possui residência médica pela Universidade de São Paulo (USP-SP) e é preceptora da Residência de Reumatologia do mesmo serviço.