Expressão se refere a um dos vários acidentes domésticos que rondam as cozinhas; Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão explica
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Quem nunca sofreu algum tipo de corte nas mãos por conta de incidentes com objetos pontiagudos como facas, tesouras, espetos, sem falar em descascadores de legumes, latas com abertura por anéis e embalagens de vidro? Esse tipo de acidente doméstico não é raro e representa um perigo que está sempre rondando a rotina da casa.
No Brasil, um trauma em especial ficou conhecido no meio ortopédico como “lesão do pão de queijo”. O ferimento acontece quando a pessoa tenta separar dois ou mais pães de queijo congelados, com ajuda de uma faca. “A ação pode resultar na perfuração da palma da mão ou dos dedos, com o corte afetando nervos periféricos, que dão a sensibilidade nas pontas dos dedos; e os tendões, que dão movimento aos dedos, podendo resultar na necessidade de cirurgia”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão (SBCM), Antonio Carlos da Costa.
A mão é composta por 29 ossos, 20 tendões e três nervos principais, e o especialista alerta que o cuidado deve ser redobrado não só ao manusear o pão de queijo. “Deve-se evitar separar com a faca qualquer alimento que esteja congelado, pois ele estará duro, gelado e escorregadio, então, a tendência será a faca escorregar e entrar na mão”, pontua.
Lesão causada ao manusear outro alimento, o abacate, já foi, inclusive, tema de estudo: em 2020, pesquisadores da Universidade Emory, nos Estados Unidos, investigaram o aumento de ferimentos causados por faca ao manusear a fruta, o que ficou popularmente conhecido como “mão de abacate”.
“Ao segurar o alimento em uma mão e a faca com a outra, a pessoa pode acabar se cortando facilmente se aplicar muita força, já que a polpa do abacate é macia e a casca é facilmente cortada. Normalmente, no caso do abacate, a lesão é simples, mas em certos casos, a faca pode cortar ou danificar nervos e tendões da mão, podendo também exigir cirurgia”, fala o cirurgião de mão.
Na cozinha, o presidente da SBCM alerta que a atenção precisa ser total. Em episódio do reality show Masterchef britânico, exibido no dia 23 de abril, uma participante decepou a ponta do dedo enquanto picava ingredientes. “No ato de cozinhar, é preciso estar 100% focado e atento, e evitar fazer as coisas com pressa, pois além de ser inimiga da perfeição, como diz o ditado, pode resultar em sérios acidentes, como cortes profundos, queimaduras e até amputações”, frisa.
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O que fazer em caso de corte?
O presidente da SBCM ressalta que ao cortar a mão, a primeira medida é higienizá-la, mas sem aplicar nenhum tipo de produto químico ou substância caseira, como borra de café, pasta de dente e açúcar. “Em seguida, cubra e pressione de leve a área afetada com gaze ou pano seco e limpo antes de ir ao hospital. Elevar a área afetada também ajuda a controlar mais rapidamente o sangramento”, diz.
Se observar que o corte é profundo, com exposição de gordura (de coloração amarela), osso ou tendão (estruturas brancas), deve-se procurar atendimento médico imediatamente. “A maioria das áreas com algum corte profundo precisa ser suturada em até 8 horas”, salienta.
Já nos casos de amputação, é preciso acondicionar a estrutura amputada e ir imediatamente ao pronto-socorro para que a equipe verifique a possibilidade de fazer um reimplante. Mas para isso, será preciso limpar a parte amputada, protegê-la com um pano bem limpo e colocá-la em um saco plástico, que deve ser colocado dentro de um outro que contenha soro fisiológico para, enfim, inseri-lo no gelo ou sob refrigeração.
“É importante lembrar que nenhum corte deve ser desvalorizado, uma vez que o local vira uma porta de entrada para bactérias, ficando propenso a infecções, cicatrizes de má qualidade e, dependendo da gravidade, resultar na perda da sensibilidade de músculos e dos movimentos de tendões. É recomendado procurar um especialista em cirurgia da mão para o diagnóstico e tratamento adequado”, conclui.
Fonte: Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão (SBCM), Antonio Carlos da Costa – SBCM (Sociedade Brasileira de Cirurgia de Mão), fundada em 1959, congrega médicos especialistas em Cirurgia da Mão e Reconstrutiva do Membro Superior