Alerta para famílias que possuem crianças e ressalta a importância do diagnóstico precoce para o desenvolvimento infantil
Muitas pessoas ainda têm uma visão equivocada e capacitista sobre o autismo. Os tabus ao redor do tema, infelizmente, impactam no diagnóstico precoce e, consequentemente, no desenvolvimento infantil. Segundo relatório da Rede de Monitoramento de Autismo e Deficiências do Desenvolvimento do CDC, publicado em março de 2023, estima-se que 1 em cada 36 crianças são diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Pensando na importância do tema e também da conscientização, Dra Kelly Oliveira, pediatra especialista em amamentação e sono, pós graduanda em autismo, destacou 6 sinais de atenção para pais e mães observarem em suas crianças durante o seu crescimento:
1 – Andar na ponta dos pés
Crianças com autismo podem andar nas pontas dos pés como uma maneira de estimular seus sentidos ou se acalmar. Além disso, esse comportamento também pode estar relacionado a dificuldades motoras e/ou de equilíbrio. E também pode estar relacionado a hipersensibilidade da criança, sendo uma forma de reduzir o estímulo tátil.
2 – Estereotipias
As estereotipias são movimentos repetitivos que ajudam no diagnóstico de autismo. Elas podem envolver questões motoras mais evidentes, como balançar as mãos e os braços, agitar os dedos, balançar de um lado para o outro e andar pra lá e pra cá repetidamente e também a repetição de sons. Normalmente, eles acontecem a criança recebe muitos estímulos ao mesmo tempo.
3 – Comportamentos sensoriais incomuns
Embora todos se incomodem com um som demasiadamente alto, as crianças autistas podem apresentar uma aversão particularmente forte a esses ruídos. E podem reagir fazendo caretas, sinais de dor, ou por vezes, colocando as mãos nos ouvidos. Além disso, elas também podem apresentar a mesma aversão ao contato físico. Não gostando do toque das pessoas e irritando-se ao receber carinhos e abraços.
4 – Bebês que não fazem jogo de imitação e evitam contato visual
Os bebês desde muito cedo aprendem a fazer contato visual com seus pais e, logo em seguida, começam a imitar as reações, emoções, atitudes e comportamentos dos seus cuidadores. Crianças autistas possuem dificuldade em reconhecer emoções e expressões faciais, por isso, podem demonstrar pouca ou nenhuma emoção diante das reações das pessoas ao seu redor. Também é comum que crianças autistas não olhem quando são chamadas pelo nome ou não sustentem o olhar, evitando o contato visual.
5 – Falta de interesse para interagir com o mundo ao seu redor
Crianças com TEA podem parecer desatentas e responder de maneiras diferentes aos estímulos externos. Como, por exemplo, quando alguém tenta chamar a atenção dele e ele muitas vezes nem sequer vire a cabeça para a direção da pessoa, não apontar na direção de objetos e falta de curiosidade também podem ser pontos de atenção.
6 – Atraso na fala Crianças com TEA podem apresentar dificuldades para se comunicar e não apresentar o nível de fala esperado para a idade. Existem casos de crianças com TEA que balbuciam e choramingam durante os primeiros anos de vida, mas logo depois, param de se comunicar. Este deve ser um dos principais pontos de atenção, pois a intervenção precoce é crucial para ajudar crianças autistas a desenvolverem a comunicação.
O diagnóstico de autismo pode demorar vários meses para ser confirmado depois que os responsáveis pela criança identificam os primeiros sinais, que em alguns casos são perceptíveis desde os 6 meses. Por isso, é de extrema importância que, caso exista qualquer suspeita, os pais ou cuidadores conversem com o pediatra ou neuropediatra e iniciem o tratamento o quanto antes.
Apesar de não haver um tratamento específico para o autismo e, as intervenções médicas mudarem de acordo com o grau e sintomas de cada paciente. O trabalho de uma equipe médica multidisciplinar, que inclui pediatras, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e psicólogos, é fundamental para o desenvolvimento da criança e o seu futuro bem-estar.
Fonte: Kelly Oliveira é médica pediatra formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, com residência na Universidade de São Paulo (USP) (CRM 145039). Especialista em amamentação pelo International Breastfeeding Centre Toronto, possui o título de Consultora Internacional de Amamentação – International Board Certified Lactation Consultant (IBCLC). Realizou residência médica em Alergia e Imunologia pela Unifesp, e obteve o título de Alergista e Imunologista pela Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI). Inspirada pela história de sua primeira filha, que teve suspeita de autismo ainda bebê, atualmente é pós graduanda em autismo pela CBI of Miami e certificada em autismo e em transtornos do neurodesenvolvimento. Fundou a Evoluas, uma clínica multidisciplinar localizada em São Paulo para terapias integradas e transdisciplinares no tratamento do transtorno do espectro autista, juntamente com mais de 70 profissionais de diferentes especialidades.