Meu filho está gaguejando. O que fazer?
Seu filho tropica para falar uma palavra, gagueja. Os pais, no intuito de ajudar a criança a tirar esse “nó”, geralmente soltam as seguintes frases: “Pare e respire”, “Fale devagar”, “Respire fundo”, “Repita comigo” ou “Pense antes de falar”.
Sabia que essa “ajuda” dos pais pode simplesmente piorar o caso? Pois é. Crianças de até quatro anos podem “gaguejar” sem que isso seja uma alteração na fala.
Essas recomendações dos pais podem soar como broncas, pressionando o pequeno, podendo deixar ainda mais aflito, motivo que dificultará ainda mais no processamento harmônico da palavra.
“Quando a criança está no processo de desenvolvimento da fala e linguagem pode acontecer a disfluência fisiológica, isto é, a gagueira que é natural desse período” explica a fonoaudióloga Jamile Elias. Acontece normalmente por volta dos três ou quatro anos e pode durar até oito meses, desaparecendo naturalmente.
Os sistemas neurológico, respiratório, fonatório e articulatório da criança ainda estão imaturos, não funcionando harmoniosamente, podendo ocasionar as disfluências (gagueiras). Apresenta-se em graus variados nas crianças e pode ser agravada a outros fatores.
Jamile Elias conta que o nervosismo e a ansiedade são fatores que podem aumentar a disfluência.
“Todos já gaguejamos quando tivemos que falar em público, ao falar uma palavra desconhecida e difícil, quando temos que falar com algum superior. Nas crianças, o nervosismo pode aparecer com o nascimento do irmãozinho, separação dos pais ou início na escolinha”, acrescenta a profissional.
Gagueira “hereditária” – A disfluência fisiológica pode se tornar patológica dependendo de fatores hereditários, genéticos e ambientais. Uma criança que tem história na família de gagueira tem maiores riscos de apresentar uma disfluência patológica.
Exagero dos pais – Quando a família exige um perfeccionismo em tudo o que a criança fala, se cria um nível de tensão. Isso pode desencadear uma disfluência. Neste caso, a criança tem a percepção de que não fala bem e ao tentar falar “direito” como os pais (falando devagar e pensando no que vai falar), o pequeno fica tenso e nervoso, agravando sua disfluência.
Claro que cada caso é um caso e uma avaliação fonoaudiológica deve ser realizada para verificar se ocorre realmente uma disfluência fisiológica ou patológica, mas algumas orientações são importantes. As dicas são feitas pela fonoaudióloga Jamile Elias.
Não dizer para a criança falar devagar ou respirar fundo. Isso é um começo para que a criança não se sinta um mal falante e fique tensa na hora de falar.
Não termine a frase pela criança. Se a mamãe ou papai já sabem o que a criança quer, para quê que ela vai continuar falando?
Escute com muita paciência e sem demonstrar impaciência com a fala do seu filho que apresenta disfluência (gagueira).
Faça da hora da comunicação um período de prazer. Cante, conte histórias e brinque com a criança.
Valorize o que a criança tem a dizer e não o como ela diz. A criança se sente “fortalecida” quando consegue passar sua idéia, não necessariamente construindo perfeitamente a frase. Ela se sentirá estimulada.