Dança, caminhada, agachamento e balanço dos quadris ajudam gestantes na descida do bebê
A mobilidade da mãe durante o trabalho de parto é um dos métodos mais eficazes para lidar com a dor das contrações. Estudos têm demonstrado que as mulheres que permanecem a maior parte do tempo em posições verticais (sentada, de pé ou caminhando) experimentaram contrações menos dolorosas. Muitas das mães começam o processo de parto enquanto ainda estão em casa e, para aliviar as dores, podem mudar de postura, caminhar, balançar os quadris de um lado para outro ou ainda realizar uma dança, por exemplo. A movimentação auxilia o bebê em direção ao canal de parto, que precisa da ajuda da gravidade para “encaixar” na pelve em uma posição ideal.
Segundo Thalita Freitas, fisioterapeuta especializada em Saúde da Mulher e Obstetrícia pela USP, a mobilidade materna durante o trabalho de parto e as posições adotadas no momento do nascimento desempenham um papel importante no nível de conforto da mãe, e também tem influência em quão rápido e eficaz o trabalho de parto irá progredir. “O posicionamento correto da mãe pode acelerar o trabalho de parto em 50% e reduzir o desconforto das contrações, pois favorece a descida do bebê, diminuindo a pressão em áreas específicas e o esforço muscular desnecessário. A maioria das posições pode ser aplicada na sala de parto com ou sem o uso de acessórios, como uma bola terapêutica. Além disso, o leito pode ser adaptado à uma posição que facilite a saída do bebê”, explica.
A posição mais utilizada na hora da retirada do bebê (período expulsivo) é com a mulher deitada de barriga para cima e embora essa posição permita à equipe o acesso mais fácil à região pélvica, ela é prejudicial por muitas razões. “A principal é que o canal por onde o bebê tem que passar fica até 30% menor, além disso, o canal do nascimento é efetivamente colocado em uma orientação de subida, forçando a mãe a empurrar contra a gravidade para expulsar o bebê, dificultando a passagem”, diz Thalita.
Posições de nascimento ineficazes podem comprimir os vasos sanguíneos principais, que interferem na circulação e reduzem a pressão sanguínea materna. Esse processo reduz a chegada de oxigênio e diminui a frequência cardíaca do bebê, contribuindo para outras formas de sofrimento fetal. Com orientação adequada muitas posições podem ser implementadas, e mesmo com anestesia peridural é possível alterar a postura da parturiente, gerando maior conforto para ela, sem comprometer o trabalho da equipe de assistência.
“O fisioterapeuta especialista em obstetrícia é o profissional mais indicado para o acompanhamento da parturiente durante todo processo de nascimento, pois ele possui conhecimento anatômico para propor exercícios e posturas adequadas para cada fase do trabalho de parto, que vão favorecer a descida do bebê, a dilatação do colo uterino, aumentar a tolerância a dor, e reduzir danos perneais, com o objetivo de fazer com que o parto seja uma boa experiência para a mulher”, finaliza.
Fonte: Thalita Freitas: Fisioterapeuta especializada em Saúde da Mulher, Obstetrícia e Fisiologia do Exercício pela USP. Sócia proprietária da clínica Athali Fisioterapia Pélvica Funcional. Docente em cursos de pós-graduação, aprimoramento e extensão na área de Obstetrícia.