Estudos têm demonstrado que as mulheres que permanecem a maior parte do tempo em posições verticais experimentaram contrações menos dolorosas
A mobilidade e o movimento da mãe durante o trabalho de parto são um dos métodos mais eficazes para lidar com a dor das contrações. Estudos têm demonstrado que as mulheres que permanecem a maior parte do tempo em posições verticais (sentado, de pé ou caminhando) experimentaram contrações menos dolorosas.
A maioria das mães começa o processo de parto enquanto ainda está em casa. Para aliviar a dor, elas podem mudar de postura, caminhar, balançar os quadris de um lado para outro, ou ainda se agachar. A movimentação vai auxiliar o bebê que está descendo em direção ao canal de parto e precisa da ajuda da gravidade para “encaixar” na pelve em uma posição ideal.
A mobilidade materna durante o trabalho de parto e as posições adotadas no momento do nascimento, desempenham um papel importantíssimo no nível de conforto da mãe, e também tem influência em quão rápido e eficaz o trabalho de parto irá progredir. Evidências científicas comprovam que as mães que mudam frequentemente de posição, diminuem em até 50% o tempo da fase ativa do trabalho de parto.
O posicionamento correto da mãe, pode acelerar o trabalho de parto e reduzir o desconforto das contrações, pois favorece a descida do bebê, diminuindo a pressão em áreas específicas e o esforço muscular desnecessário.
A maioria das posições pode ser aplicada na sala de parto com ou sem o uso de acessórios, como uma bola terapêutica, além disso o leito pode ser adaptado à uma posição que facilite a saída do bebê.
Infelizmente, ainda hoje a posição mais utilizada na hora da retirada do bebê (período expulsivo) é com a mulher deitada de barriga para cima. Embora essa posição permita à equipe o acesso mais fácil à região pélvica, ela é prejudicial por muitas razões. A principal é que o canal por onde o bebê tem que passar fica até 30% menor, além disso, o canal do nascimento é efetivamente colocado em uma orientação de “subida”, forçando a mãe a empurrar contra a gravidade para expulsar o bebê, dificultando a passagem.
Posições de nascimento ineficazes, podem comprimir os vasos sanguíneos principais, o que interfere com a circulação e reduz a pressão sanguínea materna, o que pode reduzir a chegada de oxigênio e diminuir a frequência cardíaca do bebê ou contribuir para outras formas de sofrimento fetal.
Com orientação adequada muitas posições podem ser implementadas, e mesmo com anestesia peridural é possível alterar a postura da parturiente, gerando maior conforto para ela, sem comprometer o trabalho da equipe de assistência.
O fisioterapeuta especialista em obstetrícia é o profissional mais indicado para o acompanhamento da parturiente durante todo processo de nascimento, pois ele possui conhecimento anatômico para propor exercícios e posturas adequadas para cada fase do trabalho de parto, que vão favorecer a descida do bebê, a dilatação do colo uterino, aumentar a tolerância a dor, e reduzir danos perneais, com o objetivo de fazer com que o parto seja uma boa experiência para a mulher.
Thalita Freitas é fisioterapeuta especialista na Saúde da Mulher da clínica Athali Fisioterapia Pélvica Funcional, atuante na área de reabilitação dos músculos do assoalho pélvico e obstetrícia. Supervisora do curso de Pós-graduação em Fisioterapia na Saúde da Mulher HC-FMUSP (2015) e Coordenadora do curso de Pós-graduação em fisioterapia, no módulo de Uroginecologia, na Faculdade de Medicina da USP (2014).