Apaixonados por trens, eles aderiram ao hobby do ferreomodelismo para matar a saudade dos áureos tempos das ferrovias, e na capital paulista há até uma entidade que reúne os aficionados por trens em miniatura
O ferreomodelismo é um dos hobbies mais antigos do mundo, e sua origem remonta ao período em que o transporte ferroviário foi adotado massivamente. As primeiras miniaturas de trens foram fabricadas por volta de 1830, por artesãos alemães. De lá para cá, muita coisa mudou, principalmente no Brasil, onde o transporte de passageiros pelas ferrovias deixou de acontecer, com exceção dos passeios turísticos. Mesmo assim, a paixão de algumas pessoas por este hobby se intensificou.
De norte a sul do Brasil, muitas pessoas têm se interessado pelos trens elétricos em miniatura, seja por pura diversão, hobby ou mesmo para preservar a memória ferroviária do país.
Em São Paulo, por exemplo, alguns ferreomodelistas possuem verdadeiros ‘patrimônios’ em casa, e até hoje os trens despertam curiosidade e saudosismo nas pessoas.
O publicitário Nicodemus Nepomuceno Junior, 68 anos, mora em uma área de preservação ambiental em Parelheiros, zona sul da cidade, e começou a montar sua ferrovia em 1982 para brincar com os filhos. “Fiz um pequeno circuito com o material da Frateschi, e nele imaginei duas cidades com estações de trem, que batizei com os nomes de meus filhos, Danilópolis e Thulândia. Em 1985, nasceu minha terceira filha e, logicamente, aumentei a maquete com uma terceira cidade para homenageá-la, Auanápolis. Sempre fui apaixonado por trens e ganhei o meu primeiro quando tinha 7 anos, em 1959. Até meus carrinhos eu emendava um ao outro e os puxava numa fila enorme, como se fossem uma composição inteira. Meu filho, hoje casado e com 3 filhos, também levou essa paixão para meus netos, que parecem gostar demais da brincadeira e têm os seus próprios trenzinhos”, conta Nicodemus, que hoje possui 17 vagões, duas locomotivas, uma carcaça Santa Fé e uma máquina de ferro. A Frateschi Trens Elétricos, empresa com sede em Ribeirão Preto, no interior paulista, é a única fabricante de trens elétricos em miniaturas e réplicas de composições reais na América Latina.
Na capita paulista há até uma entidade que reúne os aficionados por este hobby. Fundada em 1960, a Sociedade Brasileira de Ferreomodelismo (SBF) possui cerca de 60 associados, que se reúnem aos sábados, domingos e até em alguns feriados no Modelódromo do Ibirapuera. “Nosso objetivo é reunir os amigos que curtem o trem, tanto os modernos quanto os antigos, para resgatar a memória ferroviária do Brasil”, diz Alberto Henrique Del Bianco, 64 anos, administrador de empresas e vice-presidente da SBF, que desde os 5 anos gosta deste hobby. “Comecei brincando com um trem de plástico nas areias de Santos. Além disso, eu e meu pai trabalhamos em uma empresa ferroviária. Sempre que possível, íamos curtir os trens que ligavam Santos a Jundiaí. Meus filhos também gostam deste hobby, e espero que meu neto também se interesse por ele”, comenta.
Já o biólogo Ricardo Antonio Santoro, 57 anos, que atualmente preside a SBF, é apaixonado por ferreomodelismo desde os 6, quando ganhou, de aniversário, um trem de brinquedo. De lá para cá, essa paixão se intensificou, e ele já possui, em sua coleção, cerca de 400 vagões e 250 locomotivas. “Este hobby está no meu cotidiano, pois mexo diariamente nos meus trens durante a semana, e nos finais de semana vou até a sede da SBF, da qual sou filiado desde 1985”, explica Santoro.
Outro profissional apaixonado por ferreomodelismo é o engenheiro mecânico Leandro Leite Ribeiro, 45 anos, que desde os 7, quando ainda morava na cidade mineira de Guaxupé, passou a gostar de trens. “Acredito que tenha herdado esse gosto dos meus pais, pois eles me contavam muitas histórias da infância e juventude deles. Semanalmente mexo nos meus trens, pois gosto de modificar, detalhar e pintá-los”, conta Ribeiro, que possui 25 locomotivas e 40 vagões em sua coleção e é sócio da SBF desde 1984.
Mercado atraente
O estado de São Paulo, aliás, é um dos mercados mais atraentes para a Frateschi Trens Elétricos, empresa com sede em Ribeirão Preto, no interior paulista, que possui mais de 50 anos de atuação no mercado e é a única fabricante de trens elétricos em miniaturas e réplicas de composições reais na América Latina. De toda a produção da empresa, 25% dos produtos têm como destino o mercado paulista. “As pessoas pensam que o transporte ferroviário morreu, mas ele está vivo e em expansão. A ferrovia é de valor estratégico imprescindível para um país como o Brasil, e este crescimento ajuda a fomentar ainda a mais a paixão que muitos brasileiros têm pelos trens, sendo que muitos passam o hobby do ferreomodelismo para as futuras gerações”, diz Lucas Frateschi, diretor da empresa. No Brasil, inclusive, existem diversas associações que reúnem os amantes deste hobby saudável e interessante.
Sobre a Frateschi
Fundada em 1967, a Indústrias Reunidas Frateschi é a única fabricante da América Latina de trens elétricos em miniaturas e réplicas de composições reais. Situada em Ribeirão Preto, no interior paulista, tem a missão de divulgar e preservar a memória ferroviária do Brasil, por meio da prática do ferreomodelismo. Há 50 anos neste mercado, a empresa tem a convicção de que importantes relações humanas, como a interação entre pai e filho, avô e neto e amigos, são fortalecidas em momentos descontraídos durante a prática deste hobby.