A mania do nenê de chupar o dedo já vem desde os tempos em que nós nos conhecemos por gente, mas você sabia que esse hábito pode trazer sérios prejuízos à criança? Até os três meses de vida, o bebê, involuntariamente, leva o dedo à boca sempre que tiver fome ou por algum reflexo. A partir desse período, a criança já passa ter maior controle. É aí que os pais devem passar a prestar maior atenção no filhinho.
Assim como todo o processo de formação da criança, os primeiros anos de vida são vitais para o desenvolvimento da região bucal, responsáveis “apenas” pela sucção, deglutição, mastigação, fala e respiração. Ou seja, é uma região extremamente importante para o ser humano. E o que o simples ato de levar o dedo à boca pode ser tão ruim ao bebê?
Quem explica é a fonoaudióloga Jamile Canetto. “A região da boca é formada por estruturas como lábios, língua, dentes, maxila, mandíbula, palato mole e duro, músculos da face, entre outras. O uso adequado das mesmas oferecerá um bom desenvolvimento funcional e anatômico da criança. Cada uma dessas funções deve ser estimulada de forma correta desde o nascimento, como amamentar”.
A profissional completa. “Alguns hábitos orais podem se tornar viciosos com o decorrer do tempo, e sua manutenção poderá levar não somente a alterações nas estruturas do sistema orofacial, mas causar prejuízos no processo de desenvolvimento da criança em todos os aspectos (social, emocional, físico e intelectual).
De acordo com Jamile Canetto, a mania de chupar dedo, assim como o hábito de usar chupeta e mamadeira, podem funcionar como desestimuladores no processo de sucção, essencial, principalmente, às crianças de até dois anos. Por isso, a fonoaudióloga restringe todos os elementos externos utilizados para sucção.
“É importante que os hábitos orais, como chupeta, mamadeira, ou sucção digital (sucção com o dedo) não se tornem um vício, devendo assim ser removidos o mais rápido possível e de forma gradual, para que o equilíbrio psicológico e fisiológico da criança não sofra alterações que levem a prejuízos no seu desenvolvimento.
Entre as conseqüências que o hábito de chupar o dedo ou mesmo o uso de chupetas em demasia podem ocasionar estão a mordida aberta, mordida cruzada, inclinação dos dentes, alterações no padrão de deglutição, dificuldades de fala e aprendizado, problemas respiratórios, desequilíbrio da musculatura facial, além de alterações nos padrões psicológicos e emocionais.
Os prejuízos causados pela sucção através do dedo são geralmente maiores do que os causados pela sucção da chupeta, pois o dedo está sempre disponível.
“Essas alterações podem levar a criança a ter dificuldades na respiração durante o sono (roncam e babam com maior freqüência), apresentam irritabilidade, cansaço fácil em atividades físicas, língua flácida, apetite diminuído, obesidade ou magreza, palidez, respiração e mastigação ruidosas, hiperatividade ou sonolência e dificuldade de aprendizagem”, citou Jamile Canetto.
Como tratar os hábitos orais viciosos?
Muitos métodos podem ser utilizados para eliminar os maus hábitos orais. O principal foco para o tratamento dos hábitos orais é a sua causa. A criança deve ser compreendida e nunca ridicularizada por causa dessa mania. A procura por um profissional de saúde (psicólogo, fonoaudiólogo ou dentista) é importante, para melhor orientação do comportamento da criança.
O apoio familiar tem o objetivo de evitar que os pais façam chantagem, punam ou reprimam a criança enquanto ela apresenta os hábitos orais, além do fato do profissional ser melhor preparado para conduzir as estratégias do tratamento, cada qual na sua área de atuação. Depois de tantas lições aprendidas, não resta outra saída a não ser tirar o dedinho da boca!