Muitos pais não percebem que seu filho está sempre atento para o que ocorre ao seu redor. Pior ainda, se ele pergunta a respeito, o que ouve é um balbuciar de palavras desconexas ou mudança repentina de assunto, numa tentativa vã de desviar sua curiosidade e levá-lo a se interessar por outra coisa.
Bem, muitas vezes já foi dito que os pais são os adultos mais importantes para a criança e a relação entre eles, espera-se, deveria ser baseada na confiança plena. O que acontece, então, quando ela percebe que eles não lhe dizem a verdade e tentam enganá-la com palavras falsas, mentirosas. Passa a desconfiar de tudo o que lhe dizem ou ensinam e começa a se sentir insegura, frustrada, sem energia e confiança para enfrentar o que a vida lhe reserva.
São inúmeras as situações conflitantes e de angústia pelas quais a criança se deparará, algumas mais simples, outras mais complicadas e sérias, mas sobreviverá sem trauma se puder se apoiar e acreditar nas pessoas com as quais convive.
E, veja, não são necessários longos esclarecimentos, pois ela só pergunta aquilo que tem real interesse e, como sempre, desliga-se quando ouve o que não está preparada para saber ou mesmo quando o adulto se estende demais no discurso.
Além de tudo, é mais fácil falar a verdade do que mentir. A mentira exige uma quantidade extra de energia que deverá se reatualizar a cada novo questionamento, o que, por vezes, pode fazer com que se caia em contradição, tornando-se perigosa.
A pessoa se sente encurralada pela criança e esta se irrita pois sabe que há algo estranho e misterioso no ar. Aos poucos vai dando significado de acordo com seu próprio entendimento e logo se torna agressiva e infeliz.
Ela tem grande curiosidade sobre a realidade dos fatos e qualquer explicação não lhe basta, ainda mais quando percebe que está sendo enganada.
Os pais devem se lembrar que um dia o filho crescerá e se o maior aprendizado dele ocorre através da imitação e que eles são os principais modelos de comportamento e de atitudes, evidente que diante de uma situação mais difícil, tentará usar dos mesmos subterfúgios ensinados por eles.
Por volta dos três anos em diante, a curiosidade infantil se intensifica de tal forma que a criança faz uma pergunta após outra, muitas vezes sem nem mesmo esperar pela resposta.
É fundamental que se tenha paciência e que se responda de modo que a satisfaça e não se iniba o desejo de aprender e de estimular a imaginação e a criatividade. Para isso, devem se utilizar palavras claras e simples, de fácil entendimento, para que não haja dúvida sobre o que foi dito.
Independentemente da idade da criança, este modo de atuar deveria fazer parte do cotidiano desde muito cedo, pois é desta forma que se faz a inclusão deste novo ser no seio familiar.
Participe sempre seu filho das decisões tomadas, das mudanças, antes mesmo que ocorram, para que não se sinta surpreendido e assustado com as novidades, pois nem sempre são boas. Aqui, pode-se incluir a ida ao pediatra ou ao posto de saúde tomar vacina, um passeio ao shopping ou no parque de diversões.