Esse ano será a minha 33ª passagem do dia do Médico.
E não dá para passar por essa data sem ser saudosista e sem me lembrar da famosa frase: “Diga 33”.
Esse (o Trinta e três) era um recurso que o médico tinha para sentir o frêmito tóraco-vocal (para avaliar características do pulmão dos pacientes que ele examinava).
Não há mais como negar a importância da tecnologia, da evolução, dos novos exames, que permitem mais diagnósticos, mais precoces, novos medicamentos e, com isso, uma maior expectativa de vida.
Mas eu ainda sou um médico das antigas. Aquele médico que se interessa pelas queixas do seu paciente (sou pediatra e homeopata… será que é por isso?), que acredita que a clínica ainda é soberana e que, quanto mais estudamos, quanto mais nos atualizamos, quanto mais nos preparamos para uma boa “escutatória”, mais aptos estamos a ajudar a quem nos procura, sem tanta necessidade de exames complementares.
Eu gosto de “pensar”, de “sentir” e de “respirar” medicina, de conversar e examinar meus pacientes. E, por incrível que pareça, conheço mais gente assim. Tenho amigos médicos assim. Mas somos tão poucos!
Estamos dedicando cada vez mais tempo para explicar o óbvio:
– Aleitamento materno desde a primeira hora de vida, exclusivo e em livre-demanda até o 6º mês de vida, estendido até 2 anos ou mais;
– Prevenir é melhor do que remediar;
– Álcool e tabaco devem ser evitados a todo custo por trazerem doenças;
– Uma alimentação saudável pode nos assegurar uma vida com mais saúde;
– Evitar excessos em sal, açúcar e gordura nos afasta da obesidade, do diabetes tipo 2, da hipertensão arterial, dos problemas de colesterol e triglicérides;
– Devemos dizer não ao sedentarismo;
– Alimentação equilibrada, atividade física regular, estilo de vida saudável são importantes;
– Lavar as mãos, escovar os dentes, cuidar de nossas casas (higiene) e usar preservativos pode evitar muitas e muitas doenças.
Agora, o que mais se escuta a respeito dos médicos são as reclamações contra os planos de saúde, as dificuldades de um SUS adequado para a população, a falta de remédios, de funcionários, de locais adequados de trabalho, o não-cumprimento de horários, a “invasão de médicos estrangeiros convidados para nossa festa”, a autorização para que o Ministro da Saúde libere as licenças para que os médicos de fora do país tenham o direito de exercer a medicina aqui sem nenhuma avaliação e pagando ao seu país de origem os “royalties” sobre essa “importação”.
Nesse dia 18 de outubro, meu 33º dia do médico, eu só gostaria que cada vez mais e mais profissionais se importassem, eu só queria que cada vez mais e mais os médicos assumissem sua importância e seu valor em prol da saúde de cada um e de todos os brasileiros, eu só queria ouvir cada vez mais e mais: “Diga 33”.