Tratamentos oncológicos comuns, como a quimio e a radioterapia, podem prejudicar a produção e qualidade dos espermatozoides com consequente diminuição da fertilidade. Mas congelamento de sêmen é estratégia para que casais possam engravidar no futuro.
No Mês de Combate ao Câncer de Próstata, conhecido como Novembro Azul, é preciso abordar um assunto ainda pouco discutido quando se trata da doença: a importância do congelamento de sêmen para homens que sofrem com a condição, visto que o tratamento do câncer pode deixar sequelas importantes na fertilidade masculina, atrapalhando o sonho de casais que desejam ter filhos no futuro.
Tratamentos oncológicos comuns, como a quimio ou radioterapia, causam danos nas células reprodutivas, gerando um efeito devastador que prejudica a produção e qualidade dos espermatozoides com consequente diminuição da fertilidade, que, em muitos casos, pode ser permanente. Cirurgias de próstata também podem lesar os canais que transportam os espermatozoides.
A preservação da fertilidade surge então como uma estratégia para que os pacientes que tiveram a doença possam ter filhos no futuro. Preservar a fertilidade é um assunto que tem sido discutido de forma mais frequente entre as mulheres, mas também é do interesse dos homens, que podem recorrer às técnicas de congelamento de sêmen.
O congelamento de sêmen é um procedimento simples e seguro. Diferentemente do congelamento de óvulos, que requer a estimulação ovariana e a punção dos óvulos, a coleta do sêmen é feita por masturbação ou, quando há indicação, por procedimento cirúrgico para retirada dos espermatozoides diretamente do testículo ou do epidídimo. Essa técnica é usada quando o homem tem a contagem reduzida ou ausência de espermatozoides no sêmen. Após a coleta, o sêmen é encaminhado para laboratório especializado no congelamento. O material é resfriado em nitrogênio líquido até os -196ºC. Dessa forma, é possível armazenar o sêmen por décadas, mantendo sua qualidade, para que seja utilizado futuramente em tratamentos de reprodução assistida, como a Fertilização In Vitro (FIV). Nesse procedimento, o espermatozoide congelado é utilizado para fecundar o óvulo em laboratório, formando um embrião que é transferido para o útero onde irá se desenvolver. Após cerca de 10 dias da transferência já é possível verificar o sucesso do procedimento.
Com relação ao congelamento, o recomendado, no geral, é que sejam armazenadas diferentes amostras do sêmen para aumentar as chances de sucesso. E a coleta dos espermatozoides deve ser realizada antes do início do tratamento com quimio ou radioterapia. Além disso, vale ressaltar que, apesar de não existir um limite de idade para que o paciente realize o procedimento de congelamento de sêmen, homens acima dos 45 anos podem ter queda na qualidade de espermatozoides e no seu material genético. Isso pode representar riscos à formação do bebê, mas tudo deve ser avaliado com o médico. Por fim, é interessante lembrar que mesmo homens que sofrem com problemas de infertilidade e não congelaram o sêmen ainda podem recorrer aos bancos de sêmen, locais onde estão armazenados material seminal de doadores anônimos que pode ser usado em procedimentos de reprodução assistida, como a FIV.
Fonte: Dr. Fernando Prado – Médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. É diretor clínico da Neo Vita e coordenador médico da Embriológica. Doutor pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Imperial College London, de Londres – Reino Unido. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE). Whatsapp Neo Vita: 11 5052-1000 / Instagram: @neovita.br / Youtube: Neo Vita – Reprodução Humana.