Professora de Pediatria do Centro Universitário São Camilo conta que o envolvimento dos pais é importante no cuidado dos bebês prematuros ou de baixo peso
Sair de um ambiente quentinho, seguro e silencioso para uma vida cheia de estímulos externos é o desafio que todos nós enfrentamos ao nascer. Se esta etapa é antecipada, órgãos podem não estar preparados e o bebê pode não ter se desenvolvido o suficiente para lidar com o mundo extrauterino. Para se adaptar a essa transição, desenvolver-se plenamente e ser considerado recém-nascido a termo, o bebê precisa completar a idade gestacional de 37 a 42 semanas. Caso nasça antes da hora, ele pode precisar passar dias – ou até mesmo meses – na UTI neonatal, o que pode prejudicar o vínculo com o núcleo familiar.
Para estimular o afeto entre a família e o bebê e ao mesmo tempo ajudar em sua recuperação, um dos procedimentos utilizados é o da Mãe Canguru ou Método Canguru, quando o bebê é posicionado de forma vertical no ventre da mãe, semelhante a um canguru carregando seu filhote. Assim, ele e ela ficam pele a pele, estimulando o sistema sensorial em um ambiente semelhante ao útero materno. Esse método é uma intervenção biopsicossocial que abrange vários aspectos do cuidado neonatal.
Nos primeiros dias, esse recurso é aplicado com as mães e filhos, mas os pais podem e devem ter participação ativa no processo. A professora de Pediatria do Centro Universitário São Camilo, Vanessa Marques Leite Martha, falou sobre a importância do pai neste momento tão essencial para o desenvolvimento cognitivo e afetivo do núcleo familiar. Segundo ela, o papel do pai no cuidado de um bebê prematuro na unidade neonatal é fundamental para fornecer apoio emocional à mãe ao participar efetivamente da técnica mãe/pai canguru, além de colaborar com os cuidados gerais do bebê, como por exemplo, auxiliar com as trocas de fralda e no monitoramento da saúde. “A presença e o envolvimento do pai podem afetar positivamente o bem-estar emocional do bebê prematuro, proporcionando-lhe segurança, carinho e estabilidade emocional. O contato pele a pele com o pai também pode desencadear benefícios semelhantes aos da mãe, fortalecendo o vínculo emocional”, explicou a professora de Pediatria.
Mas nem todos as pessoas estão preparadas para essas atividades. Se para algumas mulheres a realidade da maternidade pode causar uma enorme insegurança, para alguns pais, então, tocar em um ser tão pequeno e frágil pode ser motivo para pânico. “O contato pele a pele com o pai também pode desencadear semelhantes benefícios como o da mãe, fortalecendo o vínculo emocional, mas nem todos os homens estão preparados para essas atividades e algumas mães também não. Os dois tem desafios emocionais e psicológicos como ansiedade e preocupação com a saúde do bebê. Só que essa sensação de impotência é maior no homem, explicou. A incerteza e a sensação de impotência diante da condição do bebê podem ser especialmente difíceis para eles”, afirmou.
De acordo com a professora Vanessa Martha, os pais podem apoiar o desenvolvimento cognitivo e emocional do bebê prematuro com o contato físico, interações amorosas ou até lendo histórias, mesmo que a criança não possa compreender as palavras. Eles também devem ter um envolvimento ativo na rotina do bebê, como alimentação e troca de fraldas. Ela explica que, mesmo que o bebê esteja conectado a equipamentos médicos, os pais podem se comunicar e estabelecer um vínculo com o bebê prematuro por meio de toque suave, fala calma e olhar nos olhos do bebê. Essas interações promovem o conforto e a segurança da criança.
Fonte: Professora de Pediatria do Centro Universitário São Camilo, Vanessa Marques Leite Martha