O teste detecta doenças e lesões oculares precocemente em recém-nascidos
A cada minuto uma criança fica cega no mundo. O dado é da Sociedade Brasileira de Oftalmologia que alerta que 75% dos casos de cegueira são resultado de causas previsíveis e/ou tratáveis. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), de cada dez casos de perda de visão, oito poderiam ser evitados se detectados precocemente.
Quando um bebê nasce, ainda no hospital é realizado um exame para verificar a saúde ocular da criança, chamado exame de reflexo vermelho. Este exame é pouco preciso, pois consegue detectar somente a catarata congênita e alguns tipos de tumores deixando de diagnosticar outras patologias graves. Somente se houver alguma anomalia a criança é encaminhada para investigação. “Este procedimento faz parte do protocolo das maternidades”, afirma a Dra. Nilva Moraes, professora Afiliada do Setor de Retina e Vitreo da UNIFESP/EPM.
Na investigação é realizado exame manual chamado retinoscopia, porém este exame consegue mapear apenas 30 graus do campo ocular, sendo pouco efetivo. Doenças como retinoblastoma (tumor no olho) e outras patologias graves que se desenvolvem na infância dificilmente são detectáveis.
De acordo com um estudo realizado na China, de cada sete recém-nascidos, um apresenta algum tipo de patologia ocular. Sabe-se, também, que mais de 80% do aprendizado da criança nas escolas se dá por meio da visão.
Para mudar esse cenário, as principais maternidades do país estão introduzindo a realização do teste digital do olhinho. O exame é feito por meio do RetCam, um equipamento de última geração, que permite uma avaliação ampla de 130 graus do globo ocular em imagens precisas que permitem detectar precocemente inúmeros problemas na visão dos bebês.
O exame detecta lesões oculares como:
• Retinopatia de prematuridade
• Doenças de Coats
• Shaken baby Syndrome
• Coloboma Íris
• Retinoblastoma – Câncer
• Estrabismo
• Defeito das pálpebras
• Ptosis e condições inflamatórias e infecciosas
• Zyca Congêtita
• Toxoplasmose
“A precisão desse exame é tanta que crianças diagnosticadas com microcefalia também conseguem ter um diagnóstico precoce de problemas oculares, o que permite um tratamento adequado e a diminuição de sequelas”, explica a médica.
Como funciona
Esse exame é minimamente invasivo e realiza um mapeamento e avaliação da retina baseado em imagens fotográficas digitais de alta resolução, o que permite diagnósticos precisos das mais diversas patologias oculares.
Para realizá-lo, a pupila é dilatada com o uso de um gel anestésico. Posteriormente, uma sonda é encostada no olho do bebê para fotografar a retina.
A câmera de alta resolução do RetCam, considerado um retinógrafo de última geração, captura as imagens e as amplia em um monitor, onde é possível ajustar brilho, contraste e equilíbrio de cores, permitindo que o diagnóstico oftalmológico seja feito de forma rápida e com incomparável precisão.
As imagens são armazenadas no aparelho e podem ser gravadas, impressas ou enviadas eletronicamente, no caso do acompanhamento médico ser feito à distância. Isso facilita a interação com centros especializados e troca de informações entre os profissionais da área.
O aparelho facilita o trabalho dos oftalmopediatras e neo natologistas, pois os exames podem ser feitos com o paciente sentado ou deitado, tornando-o ideal para exame em crianças, recém-nascidos e inclusive em bebês prematuros. O aparelho oferece total mobilidade para o médico e é praticamente indolor para o paciente.
É importante que os pais e os pediatras se conscientizem cada vez mais sobre a importância do diagnóstico precoce das doenças oculares. Muitas sequelas podem ser evitadas, se tratadas precocemente. Investir na realização desse exame no bebê é a melhor maneira de garantir isso.
O que os médicos dizem
A Dra. Nilva Moraes, professora Afiliada do Setor de Retina e Vitreo da UNIFESP/EPM, faz uso da RetCam desde do ano 2000. Segundo a médica, o equipamento vem auxiliando na documentação de bebês para o diagnóstico precoce, indicação de tratamento e acompanhamento das doenças de retina. “O equipamento é fundamental na documentação das doenças em bebês e também para o ensino de médicos e residentes, não só da oftalmologia como da pediatria e outras especialidades. Esta tecnologia de documentação fotográfica também permite obter imagens da retina de pacientes especiais”, afirma.