Suspeitas atuais indicam que os casos podem ter relação com contaminações anteriores de COVID-19
Pais e mães do mundo todo estão em alerta. As notícias recentes anunciando um novo tipo de hepatite que ataca crianças e adolescentes, e que pode ter relação com a COVID-19, estão exigindo que médicos e autoridades da área da saúde do mundo todo estudem o assunto com urgência. Dados recentes do Ministério da Saúde indicam que mais de 60 casos suspeitos estão sendo monitorados no Brasil. No mundo todo, segundo a OMS, as suspeitas chegam a quase 500. Embora a doença ainda levante uma série de dúvidas em especialistas, já é possível fazer algumas afirmações bem fundamentadas. De um jeito ou de outro, uma coisa é certa: o problema é sério e é preciso ficar atento aos sintomas.
O infectologista pediátrico credenciado da Paraná Clínicas, empresa do Grupo SulAmerica, Dr. Raphael Barbosa (CRM-PR 40.205, RQE 24.445) explica qual é a principal diferença desta nova enfermidade: “Em termos de sintomas ela não se diferencia tanto dos tipos já conhecidos de hepatite, apresentando quadros de dor abdominal, náuseas, diarreia e vômito, podendo evoluir para icterícia, conhecido como o processo de amarelamento repentino da parte branca dos olhos e da pele. O que realmente tem chamado a atenção até aqui é que a incidência da doença tem sido muito maior numa faixa etária que normalmente não apresenta quadros de hepatite grave: crianças e adolescentes”, explica o médico.
Outro ponto que a diferencia dos tipos comuns, segundo ele, é a forma como a enfermidade afeta crianças até 10 anos de idade: nas raras ocasiões em que infantes nesta faixa apresentam quadros de hepatite infecciosa pelos vírus A, B, C, D e E, a doença costuma se estabilizar e se tornar crônica. Nos casos mais recentes desta hepatite, o seu efeito tem sido fulminante, podendo levar a óbito ou a necessidade de transplante de fígado em um tempo curto.
As características distintas deste novo tipo de hepatite têm gerado teorias das possíveis causas e origens da doença. Segundo o Dr. Raphael, a principal suspeita de médicos até o momento envolve contágios anteriores com a COVID-19: “Pesquisadores perceberam, principalmente nos casos registrados no Reino Unido, que a doença pode ter relação com crianças que adquiriram a COVID-19 recentemente. Outra descoberta é que, nestes casos, elas costumam apresentar o aparecimento de um tipo específico de adenovírus, o 41F, que é bastante comum em crianças nesta idade e que normalmente está associada a doenças infantis simples. A suspeita dos médicos é que existe uma relação entre uma infecção prévia por COVID-19 seguida de uma contaminação por adenovírus como possível causadora desta hepatite”, explica Barbosa.
Outro fato que corrobora a hipótese defendida por especialistas é que a doença tem se espalhado entre crianças e adolescentes, sobretudo nas faixas etárias menos beneficiadas pelas campanhas de vacinação contra a COVID-19. Apesar dos sintomas parecidos com os quadros de hepatite tradicionais, o volume de casos e a forma rápida como a doença evolui para quadros graves a diferencia das demais formas da hepatite.
Apesar da situação assustar e deixar especialistas do mundo todo em alerta, o Dr. Raphael conta que esta não é a primeira vez em que surtos de hepatite aparecem logo após o fim de uma grande pandemia. Existem registros históricos de situações parecidas: “Ao final da epidemia de Gripe Espanhola, no início do século passado, foi identificado um surto de hepatite nos Estados Unidos que posteriormente atingiu outros países. Não é o primeiro caso histórico em que infecções virais seguidas de outras infecções desencadeiam surtos de hepatite. Isto é o que chamamos de ‘superinfeção’: quando uma infecção, predisposta por outra infecção anterior (atual ou recente) pode levar à uma doença ainda mais grave. Tudo isso está sendo estudado, é algo preliminar, mas estas coincidências existem”, conta Barbosa.
Neste cenário alarmante em que pesquisadores ainda estão entendendo como lidar adequadamente com o problema, a recomendação é simples e objetiva: recorrer à vacinação contra COVID-19. “É altamente recomendado que as pessoas procurem tomar todas as doses de vacina disponíveis para sua faixa de idade, principalmente crianças e adolescentes. Ao mesmo tempo, as pessoas não precisam ficar tão preocupadas já que a tendência é que estes sejam casos raros: é importante frisar que nem todo mundo que se infectou com COVID-19 vai desenvolver esta hepatite, existem outros fatores de risco que estão sendo descobertos. O fundamental, mesmo, é ficar atento aos sintomas tradicionais da doença como vômito, náuseas, diarreia e, principalmente, o amarelamento dos olhos e da pele. Nestes casos, é fundamental procurar ajuda médica o mais rápido possível”, conclui Raphael Barbosa.
Fonte: Fundada em 1970, a Paraná Clínicas é referência em planos de saúde empresariais e também atua na modalidade coletiva por adesão. Desde setembro de 2020, é operadora integrante da SulAmérica, o maior grupo segurador independente do Brasil. Carrega a missão de cuidar com excelência de empresas e pessoas, oferecendo como diferencial os programas de saúde preventiva e promoção de qualidade de vida.