A amamentação proporciona uma experiência única para mãe e filho. O aleitamento é o comportamento parental que somente a mãe pode fazer pelo bebê, criando uma conexão física e emocional ímpar.
A Organização Mundial da Saúde (OMS)recomenda iniciar a amamentação nos primeiros 60 minutos de vida e continuar de forma exclusiva até 6 meses de idade. Alimentos nutritivos complementares devem ser adicionados ao longo da amamentação, por até 2 anos ou mais.
O leite humano (LH) é um fluido dinâmico especialmente adequado ao bebê, tanto em sua composição nutricional quanto nos fatores bioativosnecessários para a saúde e o desenvolvimento adequado. O LH possui centenas de moléculas distintas que protegem contra infecções, inflamações e contribuem para a maturação imunológica, desenvolvimento de órgãos e colonização microbiana saudável. A composição do LH é determinada por fatores genéticos, estilo de vida, dieta e idade da mãe. Além disso, a composição de macronutrientes do LH varia ao longo da lactação.
Segundo a nutricionista Adriana Stavro, durante os primeiros seis meses o bebê é alimentado apenas com LH, e depende da mãe para todos os requisitos nutricionais. A alimentação da mãe determina a qualidade do leite. A demanda de nutrientes nesta fase são maiores e podem ter um impacto negativo para mãe e filho se não forem atendidas. Por isso, planejaras refeições é importante. Frutas frescas, vegetais, leite e derivados, peixe, aves, nozes, grãos integrais, feijão e lentilha são fundamentais.
• Quanto comer – Pode ser necessário ingerir de 500 a 600 calorias a mais por dia. No 6º mês, quando o bebê começar a comer outros alimentos, a mãe produzirá menos leite e poderá reduzir sua ingestão calórica.
• Álcool – É melhor evitar. Não existe quantidade segura de álcool para bebês.
• Cafeína – Se seu neném não estiver dormindo bem ou estiver irritado, diminua ou evite, pois a cafeína passa para o leite. Os recém-nascidos são mais sensíveis à substância.
• Alergias – Os alimentos mais comuns que causam alergias são laticínios, soja, trigo e ovos. Manter um diário alimentar pode ajudar identificar quais alimentos estão causando desconforto.
• Água – A água é responsável por 85-95% do volume total de leite. Existe uma crença generalizada que o aumento da ingestão de água aumentará a produção de leite, mas vários estudos mostraram que forçar a ingestão de líquidos além do necessário não tem efeitos benéficos na lactação. Beba de 40 a 50 ml por kg de peso ao dia.
• Alimentação variada – O sabor dos alimentos também é transferido para o bebê através do leite. Isso pode influenciar na aceitação do bebê por novos alimentos durante o desmame, e as primeiras experiências com a alimentação.
• Proteína – Inclua alimentos proteicos de 2 a 3 vezes ao dia, como carne e aves (magras) peixes, ovos, laticínios, feijão, nozes e sementes.
• Frutas, verduras e legumes – Coma 5 porções. A OMS recomenda no mínimo 400g ao dia.
• Carboidratos – Inclua grãos integrais, pães, massas, cereais e aveia
• Dietas vegetarianas– São compatíveis com a amamentação. Porém a mãe precisará tomar um suplemento de vitamina B12, para garantir a demanda.
Os benefícios maternos da amamentação incluem:
• Mães que amamentam se recuperam do parto mais rápido. O hormônio oxitocina, liberado durante a amamentação, atua para retornar o útero ao seu tamanho normal e pode reduzir o sangramento pós-parto.
• Pesquisas mostraram que as mulheres que amamentaram apresentam taxas reduzidas de câncer de mama e ovário.
• Alguns estudos apontaram que a amamentação pode reduzir o risco de desenvolver diabetes tipo 2, artrite reumatoide e doenças cardiovasculares, incluindo hipertensão e colesterol elevado.
Estima-se que o aumento da amamentação possa evitar 20.000 mortes maternas a cada ano devido ao câncer de mama
Os benefícios do aleitamento para o bebê:
• Riscos reduzido de:
• Asma
• Leucemia (durante a infância)
• Obesidade (durante a infância)
• Infecções de ouvido
• Eczema (dermatite atópica)
• Diarreia e vômito
• Infecções respiratórias inferiores
• Enterocolite necrosante (uma doença que afeta o trato gastrointestinal em bebês prematuros ou bebês nascidos antes das 37 semanas)
• Síndrome da morte súbita do lactente (SMSL)
• Diabetes melitos tipo 2 (na adolescência e vida adulta)
• Gastroenterite
• QI mais elevado
Amamentar pode salvar mais de 800.000 vidas a cada ano, sendo a maioria crianças menores de 6 meses.
A lactação é um momento biológico que mereceatenção especial com a alimentação e com algumas vitaminas e minerais que exigemdemanda aumentada, confira:
Ferro – Confira a lista de alimentos fontes:
• Carne vermelha
• Vegetais verde-escuros, como brócolis, espinafre e couve
• Leguminosas: grão-de-bico, lentilha e feijão
• Tofu
• Cereais integrais, como aveia e quinoa
• Uva passa
A vitamina C – Ajuda a aumentar a absorção do ferro não-heme (dos vegetais), por isso, inclua na mesma refeição alimentos fontes de vitamina C
• Caju
• Goiaba
• Manga
• Morango
• Pimentão
• Tomate
• Laranja
• Tangerina
• Acerola
• Limão
Por outro lado, evite consumir alimentos ricos em cálcio (leite e derivados), café e chás na mesma refeição pois eles prejudicam a absorção do ferro.
Ácidos gordurosos de omega-3 – O cérebro e outros tecidos neurais, incluindo a retina, são amplamente compostos por fosfolipídios, ricos em ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa, especialmente o ácido docosahexaenóico (DHA). O feto e o bebê recém-nascido dependem de um suprimento materno de DHA. Os peixes gordurosos como salmão, anchova, robalo, truta, linguado, atum e sardinha são as principais fontes.
As mulheres que amamentam são aconselhadas a não comer mais de duas porções por semana de peixes para reduzir a exposição a poluentes e metais pesados, incluindo mercúrio, que podem prejudicar o desenvolvimento do bebê
Vitamina A – A Vitamina A é um micronutriente essencial para vários processos metabólicos, como ciclo visual, crescimento, reprodução, sistema antioxidante e imunológico. Apresenta especial importância durante os períodos de proliferação e rápida diferenciação celular, como no período neonatal e infância. As fontes de incluem queijo, folhosos verde-escuros, frutas e legumes de cor laranja,fígado, gema de ovo e óleos de peixes.
Vitamina D – A vitamina D ajuda o corpo a absorver cálcio, importante para ossos e dentes saudáveis. A principal fonte é através da ação da luz solar na pele.
Vitamina B2 – A vitamina B2 também conhecida como Riboflavina, ajuda a liberar energia dos alimentos e a manter a saúde das membranas mucosas, como as da boca e do intestino. É encontrada em levedura, fígado, vegetais folhosos (couve, brócolis, espinafre, repolho, agrião, entre outros), ovos, carne, semente de girassol, ervilha, soja, leite e frutos do mar.
Vitamina B12 – A vitamina B12 ajuda a produzir glóbulos vermelhos e mantém o sistema nervoso saudável. A vitamina B12 está presente nos alimentos de origem animal, especialmente nos peixes de água fria e profundas, como salmão, truta e atum. Fígado, carne de porco, carne vermelha, leite e derivados e ovos também são fontes.Dietas vegetarianas e veganas provavelmente precisam de suplementos devitamina B12.
Cálcio– O cálcio é essencial durante a lactação, porque é necessário para a produção de leite. Além disso é importante para a mãe manter sua saúde óssea. Leite e derivados, soja, tofu, sementes de gergelim, sardinha, folhas verdes escuras (espinafre, couve, agrião, rúcula, brócolis, quiabo), grão-de-bico são fontes deste mineral.
Magnésio – O magnésio é importante para a saúde óssea, função muscular e nervosa. As principais fontes alimentares são cereais, leite e derivados, vegetais, batatas e carnes.
Zinco – É um micronutriente necessário à reprodução, diferenciação celular, crescimento, desenvolvimento, reparação tecidual e imunidade. É encontrado em muitos alimentos, incluindo carne vermelha, leite, queijo, ovos, frutos do mar, cereais integrais, nozes e leguminosas.
Interação de Vitamina A, ferro e zinco
É reconhecida a interação entre o metabolismo da vitamina A, do ferro e do zinco, pois a deficiência de um desses nutrientes pode prejudicar a utilização dos demais pelo organismo humano.
O zinco é utilizado para a síntese hepática e secreção da proteína responsável pelo transporte da vitamina A. Portanto, em situações de deficiência de zinco, a produção desta proteína está reduzida, resultando em carência secundária da vitamina A, que é caracterizada pelos baixos níveis séricos de retinol.
A deficiência de ferro também influencia os níveis séricos de retinol, pois a carência de ferro pode comprometer o funcionamento normal da mucosa intestinal, dificultando a absorção da vitamina A proveniente da dieta e prejudicando a sua biodisponibilidade.