O Cuidado Pré-Natal nas Gestações de Alto Risco

Embora a maioria das gestações siga seu curso de forma tranquila, sem complicações significativas, algumas exigem atenção especial e acompanhamento intensivo devido a fatores que aumentam os riscos para a mãe ou para o bebê

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Essas gestações, chamadas de alto risco, representam uma minoria, mas demandam cuidados específicos para garantir a segurança e o bem-estar de ambos. Entre as condições que podem levar a uma gestação de alto risco estão doenças crônicas na mãe, como diabetes e hipertensão, idade materna avançada, histórico de complicações em gestações anteriores ou problemas detectados no feto.

O cuidado pré-natal para gestantes com doenças crônicas deve começar antes mesmo da gravidez. Consultar um especialista e buscar o melhor controle possível das condições de saúde ajuda a preparar o corpo para uma gestação mais segura, reduzindo o risco de complicações e garantindo um planejamento adequado para cuidar da saúde da mãe — e, consequentemente, da saúde do bebê — ao longo de toda a gestação.

Durante a gravidez, a gestante de alto risco deve manter uma rotina saudável, com uma alimentação balanceada e rica em nutrientes essenciais, além de incluir exercícios físicos leves em sua rotina. Outro fator importante é o manejo do estresse. Segundo a médica obstetra e especialista em medicina fetal, Dra. Marcela Xavier, níveis elevados e prolongados de estresse durante a gestação podem aumentar a liberação de cortisol e outras substâncias inflamatórias, que atravessam a placenta e afetam o crescimento fetal. O estresse crônico também enfraquece o sistema imunológico da gestante, aumentando a vulnerabilidade a infecções que podem afetar a saúde do bebê. Nesse contexto, atividades como meditação e técnicas de respiração se mostram altamente eficazes para controlar o estresse.

Além disso, é fundamental o monitoramento clínico diário da saúde da gestante, como a medição da pressão arterial para gestantes hipertensas e o controle glicêmico para mulheres com diabetes. A percepção da frequência dos movimentos fetais, especialmente no terceiro trimestre, também é uma forma simples e comprovadamente eficaz de avaliar o bem-estar do bebê, podendo ser feita pela própria gestante. Especialmente nas gestações de alto risco, a ultrassonografia é uma ferramenta indispensável para garantir a segurança da mãe e do bebê. Devido ao maior risco de complicações nessas gestações, as informações que um monitoramento ultrassonográfico intensivo fornece se mostram cruciais para o manejo clínico da gestante. “A ultrassonografia é um recurso que permite detectar precocemente complicações mais comuns em gestações de alto risco, como desvios no crescimento fetal e alterações nos fluxos sanguíneos de vasos importantes para a gestação. Com essas informações, os médicos podem adotar as condutas mais adequadas no momento certo, garantindo maior segurança para a gestação”, explica a Dra. Marcela Xavier.

Gestantes de gêmeos também são consideradas de alto risco devido às maiores demandas fisiológicas impostas ao corpo da mulher, além das possíveis complicações para os fetos devido à complexidade destas gestações. Quando uma mulher está grávida de gêmeos, o risco de condições como pré-eclâmpsia, diabetes gestacional e parto prematuro aumenta significativamente, exigindo maior monitoramento médico. Além disso, gestações gemelares podem apresentar complicações específicas, como a síndrome da transfusão feto-fetal, em gêmeos idênticos que compartilham a mesma placenta, onde ocorre um desequilíbrio na circulação sanguínea entre os fetos. Diante desses riscos, as gestantes de gêmeos necessitam de acompanhamento ultrassonográfico frequente com especialista em medicina fetal para garantir o bem-estar dos bebês e prevenir complicações ao longo da gestação.

Para gestantes de alto risco, o acompanhamento especializado e os cuidados diários são essenciais para uma gravidez segura. Controlar condições de saúde pré-existentes, manter uma rotina saudável e realizar exames regulares, como a ultrassonografia, ajudam a reduzir riscos e promovem o bem-estar de mãe e bebê. A parceria entre a gestante e a equipe de saúde é fundamental para que essa fase seja conduzida com segurança, proporcionando o melhor desfecho possível.

Fonte: médica obstetra e especialista em medicina fetal, Dra. Marcela Xavier.

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