Psicóloga Lala Fonseca aponta os principais motivos e aborda sobre o tema
Por diversos momentos da história a mulher era colocada como a posição de procriação e responsável pelo bem estar da família. Até hoje, em parte, assumimos este papel ao tentar equilibrar o malabarismo entre ter uma família e uma carreira de sucesso.
Com o aumento da competitividade e de sua figura no mercado de trabalho, recebemos cerca de 70% dos salários que o gênero masculino ganha e ocupamos cerca de 38% em cargos de liderança. Esse é um dos grandes motivos, no qual, mulheres decidem ter filhos tardiamente ou simplesmente não querem ter filhos.
Os homens tem uma “facilidade”em não sentir-se presos às obrigações da maternidade e podem priorizar 100% do tempo em suas carreiras.
Porém, o principal motivo para evitar filhos é a possibilidade em focar em si, não ter que abrir mão da própria vida e a necessidade em pausar seu crescimento profissional (pela forma como será vista “o foco da mãe é seu filho”), há uma avaliação que a competitividade profissional com homens é desigual, a promoção em cargos de liderança precisam acontecer antes da maternidade e às vezes, o timming do relógio biológico não coincide.
Outras mulheres, apenas não se veem como mães. “Gostar de crianças é algo bem diferente de querer educá-las, levar para casa e dar banho”.
Outras limitações envolvidas nessa decisão é a avaliação individual sob a perspectiva do futuro mundial. Além disso, algumas dificuldades fisiológicas do gênero feminino podem necessitar investimento e tratamento para engravidar, além do desgaste emocional envolvido neste processo.
Para muitas mulheres, não querer abrir mão do próprio corpo ou priorizar a vida a dois com gastos sob controle e possibilidade de viagens constantes é um dos principais motivos para um casal optar por não ter filhos.
Muitas vezes, para deixar a opção em aberto, perto dos 32 anos mulheres decidem fazer o congelamento de óvulos. Independente se o motivo é por focar na própria carreira com todas oportunidades possíveis ou pela vontade em ter filhos apenas no contexto familiar. A busca pelo/a parceiro/a ideal algumas vezes é uma limitação para constituição de uma família.
Independente do motivo, as mulheres, até hoje precisam se sentir empoderadas para usar a própria voz, outros até necessitam ser encorajados a ouvir. Até hoje, sofremos com o viés inconsciente reflexo de muitos anos vividos com o conceito de que a inteligência era função do sexo masculino e o cuidado com a família do sexo feminino.
O que mais dói é saber que uma mulher não tinha poder para abrir conta em banco, votar e até mesmo o direito de trabalhar sem autorização do próprio marido. Não é à toa a dificuldade em romper essas barreiras.
Muitas vezes, vejo na clínica mulheres presas na crença de que precisam ter filhos mas sofrem por não querer e assim, vivenciam o conflito: escolher agradar a si e decepcionar sua família e além das expectativas sociais.
Fonte: Lala Fonseca, pós graduando em psicologia clínica pela Universidade de São Paulo (USP) e Terapeuta há 14 anos com abordagem cognitiva comportamental. Especialização em Psicofarmacologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUS-HC), Hipnoterapia Ericsoniana e especialista em Luto. Capacitação em Psicologia do Sono pelo Instituto do Sono da Universidade de São Paulo (UNIFESP), em andamento. Avaliação de Transtornos Alimentares no Hospital do Servidor Público de SP e em Emergências para Terapia Breve pelo Instituto Foccus.