A atividade imunológica é importante para a oogênese (processo de formação das células reprodutoras femininas), o desenvolvimento da interface materno-fetal e a regulação da permissão da ascensão do espermatozoide na cavidade e nas trompas uterinas
O sistema imunológico é de suma importância para a promoção da saúde humana e manutenção da vida porque atua na defesa do organismo contra agentes patogênicos e no combate a infecções. Não à toa, durante o auge da pandemia de covid-19, especialistas da área da saúde não cansaram de ressaltar a importância de se ter um sistema imune fortalecido para evitar o agravamento da doença. Por desempenhar esse relevante papel, o senso comum tende a limitar o sistema imunológico à função de defesa, equivocadamente.
Conjunto de órgãos, tecidos, células e moléculas, o sistema imunológico tem por finalidade manter a homeostase do organismo como um todo e não somente combater ameaças em geral. Em outras palavras, o sistema imune rege absolutamente todas as funções do organismo humano, atuando na regulação do sono e da temperatura e nos sistemas digestivos e endócrinos, por exemplo. Outra importante função exercida pelo sistema imunológico é na gestação em seus diversos processos.
A médica obstetra com mais de 20 anos de experiência profissional, dra. Bruna Pitaluga, destaca a influência do sistema imunológico em vários processos ligados à reprodução, tais como na oogênese (processo de formação das células reprodutoras femininas), no desenvolvimento da interface materno-fetal e na regulação da permissão da ascensão do espermatozoide na cavidade e nas trompas uterinas. Além disso, segundo dra. Bruna, a atividade imunológica está diretamente relacionada ao controle de morte celular chamado apoptose.
Diante de sua importância, a médica obstetra afirma ser imprescindível que se discuta o papel do sistema imunológico na gestação. Dra. Bruna ressalta que a função exercida pelo sistema imunológico no que se refere à reprodução não se trata de um processo simples. “As células do sistema imunológico possuem receptores para os hormônios esteroides e dependem dele para diferenciação fenotípica. Dependem ainda dos níveis flutuantes de estrogênio e progesterona durante o ciclo menstrual, de forma contínua, para que possam entender e permitir a gestação”, diz.
Para que o sistema imunológico de uma mulher funcione de maneira adequada, evitando que ela tenha problemas gestacionais ou desenvolva doenças autoimunes na fase adulta, é preciso cuidar dele desde cedo. “Quanto mais eu me aprofundo em estudos sobre o sistema imunológico, mais eu compreendo que ele amadurece muito antes, durante a gestação”, explica. Conforme dra. Bruna, uma bebê do sexo feminino precisa ter o sistema imunológico preparado para ser amadurecido de fato pela produção dos hormônios esteroides.
Nesse sentido, segundo dra. Bruna, é preciso que os médicos obstetras estejam atualizados com relação às melhores práticas de acompanhamento pré-natal, evitando realizar terapias que façam uso inadvertido de medicamentos, como progesterona, em altas doses, ou corticoides de forma regular, como, por exemplo, betametazona, com a justificativa de que se pretende evitar que o bebê nasça prematuro. “Protocolos são inventados e quem paga o preço é a mulher, com o comprometimento de seu sistema imunológico”, diz.
Fonte: Dra. Bruna Pitaluga – Formação em Medicina pela Universidade de Brasília – UnB – Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pela Universidade de Brasília – UnB – Pós-graduação em Nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia – ABRAN – Especialização em Medicina Funcional pelo Instituto de Medicina Funcional – IFM, EUA – Curso em Nutrigenômica pela Universidade da Carolina do Norte – UNC, EUA