Meu nome é Maria Cristina, sou uma mineira criada em Brasília desde os três anos. Vou contar um pouco de minha História de Mãe. Tentarei resumir ao máximo, mas a história é grande mesmo:
Descobri um câncer de mama dois meses após parar de amamentar meu primeiro filho, Lucas, na época com um ano e três meses. Foi um baque total!
Li muitos artigos que diziam que mulheres que amamentam tem menos chance de terem câncer de mama, pensei: isto não é possível, acabei de parar de amamentar e estou doente!
Fiquei muito revoltada e, claro, desiludida com isso.
Com o decorrer do tratamento, fui informada pelos médicos que não poderia mais engravidar, tendo em vista a gravidade do meu caso e a possibilidade do tratamento não surtir efeito.
Nesse momento, fiquei mais chateada do que quando descobri a doença. Jamais imaginei filho único, nosso sonho era ter quatro!
Agora era questão de honra provar para os médicos que eu iria sim ter pelo menos mais um filho. Eu não queria morrer e deixá-lo sem irmãos. Acho que me apeguei muito a isso, reagindo de maneira positiva a tudo o que estava se passando comigo. Havia uma motivação a mais para lutar.
O tratamento deu certo, os anos passaram, e não tinha um retorno aos médicos (no começo a cada três meses, depois anual) em que eu não pedisse para eles me liberarem para engravidar. Eles ficavam loucos comigo! Uma vez, durante uma consulta, meu esposo do meu lado, eu perguntei depois de ser examinada pelo oncologista: “doutor, e bebê, já posso?” ele respondeu: “pode beber pouco, não vai exagerar!” Rimos muito disso. Mas ele não permitiu quando entendeu o que eu quis dizer. De tanto eu insistir, ele disse que após passar três anos das quimios, poderíamos pensar.
No meio desse tempo, para piorar os prognósticos sobre nova gravidez, meu esposo descobriu um câncer na tireoide! Ouvi até de um médico que eu era louca de tentar outro filho com todo esse pedigree na família!!!
Quando meu filho mais velho fez seis anos eu não suportava mais esperar, no entanto, acho que caí na real e começou bater um medo muito grande, por isso eu não conseguia decidir o momento ideal.
Quando tomei coragem, tirei o DIU que coloquei quando o mais velho nasceu e logo engravidei novamente, para pânico total dos familiares e amigos!
Como fui criticada e chamada de louca, sem juízo, sem responsabilidade e coisa e tal! Eu nem aí! Era meu sonho, minhas esperanças se renovando, era um filho depois de todas as impossibilidades e doenças, era provar aos médicos que eu podia! Curti muito, mas sofri também.
Quando estava com três meses de gravidez, fui fazer o exame da translucência nucal e eu só queria saber o sexo do bebê.
Terminado o exame, o médico esperou eu me arrumar para, junto com meu esposo, dizer-nos que não foi possível ver o sexo, mas um possível problema com meu filho se apresentava. Meu mundo caiu em segundos, meu esposo se desesperou e comecei a me sentir culpada, por ter insistido tanto nisso. Se meu filho tivesse qualquer problema, seria minha a culpa!
Havia probabilidade de ele ter sérios problemas genéticos ou o mais comum nesses casos: ter Síndrome de Down.
Decidimos fazer o exame de amniocentese, achei que tínhamos o direito de nos prepararmos melhor para bem recebê-lo, fosse ele como fosse. Eu já o amava muito antes de concebê-lo.
A primeira tentativa do exame não pode ser concluída, pois passei mal após o médico introduzir a agulha no meu ventre. Mas não desisti, marquei com outro médico e ele decidiu fazer outra ecografia para uma nova avaliação e confirmou, agora por outras evidências de imagens, que o bebê realmente teria alguma síndrome.
O resultado desse novo exame demorou cerca de três meses para sair. Estávamos eu e meu esposo em um shopping cheio, perto do natal, muito desanimados, quando na fila de pagamento de uma loja de departamento meu esposo recebeu uma ligação e começou a chorar compulsivamente com todos da fila olhando assustados, tomei o telefone da mão dele e era o meu obstetra dando o resultado do exame: Cristina, nosso bebê é normal, saudável, não tem qualquer tipo de síndrome!
Toda vez que conto esta história eu me emociono muito, pois minha luta não foi só para vencer uma doença potencialmente mortal (o câncer), mas para ter uma família completa como eu e meu esposo sempre sonhávamos. Quando o Daniel estava com três anos, nasceu nossa menininha Mariane para completar ainda mais a alegria de nossa família e aí sim, resolvi que era hora de parar.
Abraços, Cristina