Fonoaudióloga aponta efeitos do utensílio em crianças que estão desenvolvendo a alimentação
Para alguns a chupeta pode ser milagrosa, responsável por acalmar verdadeiramente as crianças naqueles momentos de caos. Para outros, ela é uma verdadeira vilã, que pode impactar negativamente no desenvolvimento dos pequenos. Qual o seu verdadeiro impacto no processo de desenvolvimento da mastigação? Carla Deliberato, fonoaudióloga, explica que o uso deste utensílio pode impactar muito a cavidade oral dos bebês, fazendo até mesmo com que eles tenham dificuldades no período da introdução alimentar.
A criança que fica com a chupeta o tempo todo, ou muito tempo, em sua cavidade oral, fica com um obstáculo na boca, que fará com que ela não desenvolva as habilidades suficientes para auxiliar no início da alimentação. “Isso a impede de levar outras coisas à boca, a chupeta acaba servindo como uma barreira, em um sentido totalmente negativo”, ressalta Carla.
Ela não é indicada durante o processo de introdução alimentar. “A criança tem que estar com a boca livre, levando a mãozinha e objetos à boca que são essenciais para facilitar esse universo da introdução alimentar”, complementa a profissional. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a oferta de alimentos à criança deve ocorrer a partir dos seis meses. Esse período com os pequenos exigirá paciência, disciplina, muito cuidado e a diminuição do uso da chupeta.
Ao contrário da chupeta, uma boa pedida são os mordedores, ótimos nesse momento de desenvolvimento, pois prepararão o movimento de levada dos alimentos à boca com maior eficiência.
Além do impacto na introdução alimentar, Carla Deliberato atenta para uma sequela na fala e dentição dos pequenos. “A chupeta prejudica as estruturas orofaciais da boca, a criança vai ficar com a língua mais rebaixada, isso também tem impacto na musculatura orofacial tendo uma interferencia no desenvolvimento da fala. Pode ter impacto também na dentição, a criança fica com aquele dente torto, a mordida aberta, isso é ruim para ela mastigar os alimentos”, diz a profissional.
Quanto menos o uso da chupeta ocorrer, melhor. No entanto, ela pode ser usada com moderação quando a criança precisar de maior consolo, estiver com sono e manhosa. Mesmo assim, é necessário entender que isso não é resolvido apenas pelo utensílio. “Uma consequência do uso inadequado da chupeta é a dependência emocional que a criança cria dela. Ela tem que aprender a se consolar de outras formas. Ao invés de dar direto a chupeta, você pode colocar um objeto que a criança goste, um bonequinho, um paninho, alguma outra coisa que ela tenha um apego. Existem outras formas de consolar a criança, abraçando, dando colinho”, finaliza Carla
Fonte: Carla Deliberato é fonoaudióloga formada pela PUC-SP desde 2003, com vasta experiência em atendimento clínico, hospitalar e domiciliar de pacientes com dificuldades alimentares (disfagia, recusa alimentar e seletividade alimentar), sequelas neurológicas e oncológicas do câncer de cabeça e pescoço, síndromes, além de atuação em comunicação alternativa e voz. Passou a entender e atuar com recusa e seletividade alimentar por conta da maternidade, quando descobriu que a segunda filha, a Isabela, tinha resistência aos alimentos, além de sofrer com náuseas recorrentes durante o processo de introdução alimentar